Metalúrgicos da Mitsubishi em Catalão (GO) devem entrar em greve a partir desta quarta-feira, 01, em protesto contra demissões na fábrica. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, a paralisação foi aprovada pelos trabalhadores em assembleia geral em reação a anúncio feito pela montadora, na sexta-feira, de que pretende demitir 403 funcionários, cerca de 15% do efetivo total da unidade. Só entre segunda-feira, 29, e esta terça-feira, 30, a entidade diz que 180 trabalhadores já foram dispensados.
O objetivo da greve, destaca o presidente do sindicato, Carlos Albino, é impedir novos cortes e pressionar a montadora pela reintegração dos demitidos. De acordo com o sindicato, além dos metalúrgicos que foram mandados embora por decisão da empresa, outros 29 funcionários aderiram a um Programa de Demissão Voluntária (PDV) aberto pela companhia entre quarta e sexta-feira da semana passada. Pelo plano, além das verbas rescisórias previstas pela legislação trabalhista, os trabalhadores deverão receber mil reais extras.
O sindicato ressalta que, em reuniões com a direção da Mitsubishi, já tentou negociar diversas alternativas às demissões. A entidade diz que sugeriu lay-off (suspensão temporária dos contratos), day-off (dias de folga), férias coletivas de 30 dias, antecipação da data-base e até redução da carga horária de trabalho com redução proporcional dos salários, mas não houve acordo. Segundo o sindicato, se a greve não acabar até a próxima segunda-feira as férias coletivas previstas de 6 a 15 de julho terão de ser suspensas.
A Mitsubishi não confirmou os números de demissões divulgados pelo sindicato. Por meio de sua assessoria de imprensa, a montadora ressaltou que ainda não há um dado exato de quantas vagas serão cortadas na fábrica de Catalão, pois as negociações com o sindicato ainda estão acontecendo e devem seguir pelas próximas semanas. A empresa declarou também que está “fazendo o máximo possível” para preservar o maior número de postos na unidade.
Acampamento
O sindicato informou que os trabalhadores vão montar acampamento na porta da fábrica já a partir da noite desta terça-feira e que uma nova assembleia será realizada no início da manhã de quarta-feira. Da fábrica, a ideia é seguir em passeata até o centro de Catalão, juntamente com metalúrgicos de outras montadoras que também estão sendo convocados para o ato. Amanhã à tarde, está prevista uma reunião entre representantes da empresa, Justiça do Trabalho e Ministério Público do Trabalho.
Em Catalão, a Mitsubishi produz os modelos Lancer, ASX, L 200 Triton e Pajero, além de fazer o processo final de nacionalização do Outlander. Na fábrica, também é fabricado o Jimmy e finalizado o Vitara, da Suzuki – modelos que voltaram a ser totalmente produzidos em Catalão após o fechamento, em maio, da fábrica da Suzuki em Itumbiara (GO), a cerca de 200 quilômetros da unidade da Mitsubishi. Conforme o sindicato, atualmente são produzidos entre 100 e 120 carros, em média, por dia em Catalão.
Sexta greve
Caso a paralisação na Mitsubishi se confirme, será a sexta greve deflagrada por metalúrgicos de montadoras no Brasil só este ano. Em maio, trabalhadores da Volvo em Curitiba (PR) paralisaram por quase um mês. Em abril, funcionários da Chery em Jacareí (SP) também cruzaram os braços por mais de um mês, por melhores salários e condições de trabalho. Além disso, metalúrgicos da GM em São José dos Campos (SP) e da Volkswagen e da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) também entraram em greve entre janeiro e fevereiro.