Metalúrgicos da Mitsubishi em Catalão (GO) entraram em greve a partir da manhã desta quarta-feira, 1º, em protesto contra demissões. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, a paralisação é uma reação a anúncio feito pela montadora, na última sexta-feira, de que pretende demitir 403 funcionários, cerca de 15% do efetivo total da fábrica. Só entre segunda-feira e ontem, a entidade diz que 180 trabalhadores já foram dispensados.
A paralisação na Mitsubishi é a sexta greve deflagrada por metalúrgicos de montadoras no Brasil só este ano. Em maio, trabalhadores da Volvo em Curitiba (PR) paralisaram por quase um mês. Em abril, funcionários da Chery em Jacareí (SP) também cruzaram os braços por mais de 30 dias. Além disso, metalúrgicos da GM em São José dos Campos (SP) e da Volkswagen e da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) também entraram em greve entre janeiro e fevereiro.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão, Carlos Albino, destaca que o objetivo da greve é impedir novos cortes e pressionar a Mitsubishi pela reintegração dos demitidos. Segundo ele, além dos 180 trabalhadores que foram dispensados pela empresa, outros 29 funcionários aderiram a um Programa de Demissão Voluntária (PDV) aberto pela companhia entre quarta e sexta-feira da semana passada. Pelo plano, além das verbas rescisórias, os trabalhadores deverão receber mil reais extras.
Acampados
Os trabalhadores da Mitsubishi em greve estão acampados em frente à porta da fábrica. Após assembleia geral para discutir os rumos da paralisação agora pela manhã, a previsão é de que sigam em passeata para a praça Getúlio Vargas, no Centro de Catalão, onde o sindicato organizou um café da manhã para os grevistas e metalúrgicos de outras empresas da região que aderiram ao ato. Antes da assembleia, sindicalistas estiveram reunidos com a direção da empresa, mas não chegaram a um acordo.
O sindicato ressalta que, em reuniões com a empresa, já tentou negociar diversas alternativas às demissões, sem sucesso. A entidade diz que sugeriu lay-off (suspensão temporária dos contratos), day-off (dias de folga), férias coletivas de 30 dias, antecipação da data-base e teria, inclusive, aceitado redução da carga horária de trabalho com redução proporcional dos salários. Segundo a entidade, se a greve não acabar até a próxima segunda-feira, as férias coletivas previstas de 6 a 15 de julho terão de ser suspensas.
A Mitsubishi não confirma os números de demissões divulgados pelo sindicato. Em nota enviada ontem pela assessoria de imprensa, a montadora ressaltou que ainda não há um dado exato de quantas vagas serão cortadas na fábrica de Catalão, pois as negociações com o sindicato ainda estão acontecendo e devem seguir pelas próximas semanas. A empresa declarou também que está “fazendo o máximo possível” para preservar o maior número de postos na unidade.
Em Catalão, a Mitsubishi produz os modelos Lancer, ASX, L 200 Triton e Pajero, além de fazer o processo final de nacionalização do Outlander. Na fábrica, também é fabricado o Jimmy e finalizado o Vitara, da Suzuki – modelos que voltaram a ser totalmente produzidos em Catalão após o fechamento, em maio, da fábrica da Suzuki em Itumbiara (GO), a cerca de 200 quilômetros da unidade da Mitsubishi. Conforme o sindicato, atualmente são produzidos entre 100 e 120 caros, em média, por dia em Catalão.