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Metralhadoras muito perto, diz jogador sitiado por tropas russas

Um grupo de brasileiros que joga futsal na Ucrânia passa por um drama desde que as tropas russas invadiram o país há uma semana. O trio formado por Cláudio Garcia, Everton Florêncio e Daniel da Rosa, do clube Prodexim, está refugiado em um apartamento em Kherson, tomada nesta quarta-feira, 2, pelo Exército russo – o governo ucraniano garante que ainda controla a cidade.

Sem conseguir deixar o local antes da guerra, o grupo se esconde num quarto de hotel à espera de ajuda para sair da zona de conflito. Eles querem voltar para o Brasil. "Antes, ouvíamos mais bombas e explosões, mas eram mais longe. A partir do momento em que o Exército russo entrou na cidade, praticamente todos os dias escutamos barulho de tiros e tanques de guerra. O som de metralhadora está cada vez mais próximo", disse Cláudio ao <b>Estadão</b>, antes de pedir ajuda às autoridades brasileiras para a fuga que estão planejando.

Os dias são cada vez mais longos. Segundo o brasileiro, todos os mercados da cidade estão fechados desde que as tropas russas invadiram Kherson. As ruas estão vazias e poucos se arriscam a deixar suas casas. Temendo a falta de alimentos, ele e os amigos fizeram um estoque com água e comida – que deve durar apenas mais uma semana.

Ainda com energia e internet no apartamento, eles mantêm contato direto com seus parentes. "Todos ficaram muito nervosos com as notícias, mas pedi para se acalmarem e me mandarem mensagens sempre que quiserem saber de mim", disse Cláudio. "Ainda não caiu a ficha que estamos no meio de uma guerra, ou o que isso significa, mas, apesar de tudo, estamos todos bem. É a melhor opção ficar aqui no momento."

<b>Isolamento</b>

O clube pediu para que eles não deixem o local. Uma tradutora ajuda os brasileiros. A comida, embora ainda não seja um problema, poderá ser racionada, assim como a água. Os três ainda conseguem usar a infraestrutura do hotel. No entanto, deixaram claro que a energia e a internet, como os celulares, podem parar a qualquer momento.

Natural do Paraná, Cláudio voltou a jogar na Ucrânia há cerca de um ano, após breve retorno ao futsal do Brasil. De acordo com ele, a tradutora do Prodexim faz companhia ao grupo todos os dias.

Os brasileiros, antes de se refugiarem no imóvel de Daniel, chegaram a passar um tempo na casa do técnico da equipe, onde se protegiam em um bunker. Como no local havia muita gente, voltaram ao apartamento, onde decidiram permanecer juntos.

<b>Controle</b>

Ontem, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas tropas tomaram o controle total de Kherson – informação que foi negada pelas autoridades ucranianas. Banhada pelo Mar Negro, a cidade faz fronteira com a Crimeia, península anexada pelos russos em 2014.

O trio de brasileiros está em contato com o Itamaraty, mas afirma que a embaixada brasileira na Ucrânia recomenda que eles se protejam em casa até surgir uma oportunidade de sair do país, por via terrestre, uma vez que o espaço aéreo continua fechado.

A ideia do grupo é deixar a Ucrânia pela fronteira com a Moldávia. Esse é o plano de fuga. Eles revelaram ao <b>Estadão</b> que estão em contato com jogadores do Shakhtar Donetsk e do Dínamo de Kiev para obter informações sobre como regressar ao Brasil.

"Estamos decepcionados que em pleno ano de 2022 existam pessoas capazes de fazer uma atrocidade dessa com uma população tão acolhedora como é a ucraniana, que são pessoas simpáticas", disse.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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