Seis estações de Metrô do Rio de Janeiro vão virar palco, na próxima semana, de shows gratuitos de artistas que se apresentam habitualmente em metrôs de Nova York, Londres, Paris e Berlim. Para 2015, a Metrô Rio já planeja convocar músicos locais.
O 3.º Festival Internacional de Músicos de Metrô vai de terça a sexta-feira e trará 12 atrações de 8 países, incluindo 3 cariocas, e de diferentes estilos. Os estrangeiros foram selecionados entre os melhores das duas primeiras edições da mostra, que em 2010 e em 2012 passou por São Paulo com sucesso.
O criador é o produtor cultural Marcelo Beraldo, um expert no assunto desde 2009, ano em que viajou por 14 cidades para conhecer artistas e descobrir quais as regras de cada metrô. “Em Montreal, há uma plaquinha para sinalizar onde eles podem tocar; em Barcelona e em Londres, uma marcação no chão”, descreve.
Em cidades como Nova York, ele testemunhou a profissionalização dos artistas. “Os espaços nas estações são disputados, acontecem brigas sérias. Conheci gente que ganha US$ 7 mil por mês, tocando três ou quatro horas por dia”, lembra Beraldo. “Tem de ser muito bom. Não é à toa que gente como Eric Clapton e Rod Stewart tocou em metrô quando jovem.”
Por aqui, nem São Paulo nem Rio tem essa tradição. Na Assembleia do Rio, tramita um projeto de lei que permite música e poesia nos trens. Atualmente, a presença de músicos nas estações e vagões cariocas é tolerada, mas, quando os usuários reclamam, os seguranças são orientados a convidá-los a se retirar. Em geral, segundo o diretor de Marketing do Metrô, Andre Salles, os passageiros preferem o silêncio.
Durante o festival, que terá sessões entre 11 e 13 horas e entre 17 e 19 horas, os músicos não poderão pedir contribuições dos espectadores (eles serão remunerados pelo patrocinador, a Red Bull). A passagem de chapéu também será vetada a partir de janeiro, quando o Metrô pretende abrigar shows com regularidade. “Será uma oportunidade de eles divulgarem seu trabalho”, explica Salles. O projeto prevê abertura de inscrições em setembro. Não haverá discriminação de gênero musical.
Performance
Na manhã desta quarta-feira, 06, a convite do jornal O Estado de S. Paulo, o Duo Entre Rios, formado pela carioca Dani Câmara (voz e percussão) e pelo argentino Rodrigo Toledo (violão e cavaquinho), que tocará no festival, fez rápida performance na Estação Carioca.
Apressada, a maioria dos passageiros não prestou atenção no repertório de forró da jovem dupla, que vive de tocar na rua. “É um palco muito sincero: se as pessoas gostam, batem palma. Mas também há desinteresse”, diz Dani. Mesmo atrasado para um compromisso, o fisioterapeuta Wilson Rosa, de 74 anos, aprovou. “É ótimo para quebrar a monotonia.”