Mulheres manifestantes entraram em confronto com policiais durante uma marcha contra o machismo na Cidade do México neste domingo, 16, um ano após o início do movimento #NoNosCuidanNosViolan, um protesto que relatou abuso sexual pela polícia da capital e desencadeou um movimento feminista contra o machismo estatal.
Em uma manifestação que incluiu confrontos com policiais, pichações em monumentos e bombinhas que feriram pelo menos um policial, centenas de mulheres marcharam na capital para denunciar a impunidade e a violência machista, que foi agravada pelo confinamento da pandemia.
"A polícia não cuida de mim, meus amigos cuidam de mim", foi o grito com o qual 10 mulheres iniciaram a marcha no Ángel de la Independencia, o monumento mais emblemático do Paseo de la Reforma, a principal avenida da cidade.
A manifestação deste domingo comemora a de 16 de agosto de 2019, quando danificaram estações de transporte público, destruíram empresas e vandalizaram monumentos históricos, como o Ángel de la Independencia. Na ocasião, três casos de estupro de mulheres, uma delas menor, foram relatados envolvendo policiais na Cidade de México.
A chefe do governo da capital, Claudia Sheinbaum, levantou críticas na época por "provocar" a manifestação. Após a controvérsia, a Cidade do México publicou um protocolo no Diário Oficial que regulamenta o uso da força pública em protestos, de modo que os policiais não podem portar armas letais e devem garantir a liberdade de expressão.
A violência sexual é uma das principais reivindicações das mulheres mexicanas. Dos 46,5 milhões de mexicanos com 15 anos ou mais, 66,1% (30,7 milhões) enfrentaram violência de qualquer tipo e qualquer agressor em sua vida, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi). No primeiro semestre de 2020, foram notificados 489 feminicídios, segundo o Sistema Nacional de Segurança Pública (SNSP), enquanto em 2019 o assassinato de mulheres com base no sexo foi de 1.012.
Mas os manifestantes também criticaram a impunidade, já que a marcha também serviu para exigir justiça pelo feminicídio de María de Jesús Jaimes, estudante do Instituto Politécnico Nacional (IPN) assassinada em 2016. (Com agências internacionais)