O presidente do México, Enrique Penã Nieto, anunciou na quinta-feira um plano nacional de combate ao crime que vai permitir ao Congresso dissolver governos locais infiltrados por grupos ligados ao narcotráfico e dar às autoridades estaduais o controle sobre as polícias municipais, geralmente corruptas.
O plano foi anunciado dois meses depois de 43 estudantes terem desaparecido na cidade de Iguala, no Estado de Guerrero, que teriam sido mortos e incinerados por um grupo de traficantes que trabalha com a polícia local. Enormes manifestações têm sido realizadas em protesto contra o desaparecimento dos estudantes.
Peña Nieto disse que o plano foi influenciado pela tragédia de Iguala, lembrando a “crueldade e a barbaridade que chocaram o México”. “O México não pode seguir desta forma”, disse ele. “Depois de Iguala, o México deve mudar.”
O plano do presidente também vai atenuar a complexa divisão dos crimes que são de responsabilidade das esferas federal, estadual e local. Atualmente, alguns policiais se recusam a agir na prevenção de crimes federais, como tráfico de drogas. O projeto também quer estabelecer um número ou documento nacional de identidade, embora ainda não esteja claro como isso será feito.
O alvo do plano será, primeiro, os Estados mais problemáticos: Guerrero, Michoacan, Jalisco e Tamaulipas. Mais policiais federais e outras forças de segurança serão enviados para a região mais complicada que sobrepõe os dois primeiros Estados, para onde o governo já enviou contingentes significativos de soldados e policiais federais.
Durante uma coletiva de imprensa no final do dia, o chefe do escritório da Presidência, Aurelio Nuno, disse que no prazo de um ano a um ano e meio, as forças policiais municipais nesses quatro Estados serão substituídas completamente pela polícia estadual, sob uma clara estrutura de comando.
As reformas, algumas das quais vão exigir alterações constitucionais, serão apresentadas formalmente na semana que vem. Dentre elas estão a criação de um número nacional de telefone para emergências, que segundo o presidente poderá ser 911, como nos Estados Unidos. Mas Peña Nieto foi vago ao descrever algumas das propostas.
Planos federais semelhantes de combate ao crime, anunciados em 2004 e 2008, levaram a algumas melhoras nessas áreas, mas fracassaram em evitar que forças municipais inteiras fossem cooptadas por grupos criminosos. Como resultado, os mexicanos se tornaram céticos em relação a tais anúncios.
“Mais do que anúncios, o povo precisa ser ações concretas que façam a retórica parecer crível”, disse Pedro Torres, professor da escola de governo da Universidade Tecnologico de Monterrey. “Definitivamente, não há nada de novo que eles já não tentaram implementar antes.” Fonte: Associated Press.