Variedades

Mia Couto vai ser mentor de Julián Fuks

Apesar de ser a mais solitária das artes, a literatura também tem um grande lastro de mentores e discípulos ao longo do tempo: a mais nova dupla, agora patrocinada pela Rolex, é o moçambicano Mia Couto (1955) e o paulistano Julián Fuks (1981). Ele é o primeiro brasileiro selecionado na área de literatura para participar do programa Mentors & Protégé, que remunera ambos e existe desde 2002.

Um comitê de críticos e editores seleciona quatro finalistas para cada uma das sete categorias – além de literatura, há mestres e discípulos de artes visuais, arquitetura, cinema, dança, música e teatro. Há então uma entrevista com o mentor – durante a qual Fuks conheceu pessoalmente Mia Couto, há cerca de um mês, e também foi escolhido e convidado a passar 15 dias nos Açores, uma ilha, território de Portugal. A ideia é que cada dupla trabalhe e mantenha contato por cerca de um ano.

“Foi um período de diálogo intenso, em que pude expor a ele as filigranas do meu novo projeto e discutir cada um de seus elementos”, diz Fuks ao jornal O Estado de S. Paulo, por e-mail.

Fuks (que foi selecionado pela revista Granta como um dos 20 melhores jovens escritores brasileiros) está escrevendo um romance, seu terceiro, que vai tratar da violência no ambiente urbano. “Quero abordar algo da violência que se vê numa cidade como São Paulo, mas não a exercida pelo outro, e sim a que o outro sofre, a brutalidade que o vitimiza de tantas maneiras”, explica. Um dos cernes do livro, segundo o autor, será a ocupação (real) do hotel Cambridge, no centro da cidade.

O jovem autor brasileiro diz acreditar que a fase de concepção e elaboração de um livro pode ganhar muito quando parte de um diálogo como esse, proposto pelo programa. “Sempre procurei fugir à solidão nessas outras etapas do processo criativo, e agora terei o auxílio do Mia Couto – não poderia imaginar melhor companhia.”

O Mentors & Protégé “tem como objetivo principal transmitir o conhecimento artístico de uma geração para outra e perpetuar a arte”, de acordo com a organização.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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