O Morumbi voltou sentir o clima de Libertadores pela presença da torcida e pelo ambiente decisivo armado para o São Paulo receber o San Lorenzo, pela Libertadores. E o estádio voltou a sofrer, como pede a cartilha do torneio em jogos tensos, como o desta quarta-feira à noite. Somente aos 43 minutos do segundo tempo o gol da vitória por 1 a 0 saiu e acabou com a angústia da torcida.
Ambas as equipes tratavam o encontro como o jogo de ida de um mata-mata antecipado. Os atuais campeões da Libertadores vieram com a proposta de se defender e foram punidos no fim. Carlinhos cruzou e Michel Bastos marcou de cabeça para sacramentar uma vitória maiúscula, capaz de dar novo fôlego ao São Paulo e mais tranquilidade nos bastidores para o técnico Muricy Ramalho.
O resultado fez o São Paulo se isolar na vice-liderança do Grupo 2 da Libertadores, com seis pontos, três atrás do líder Corinthians, enquanto o San Lorenzo estacionou nos três pontos na terceira posição. O Danubio, do Uruguai, é o lanterna, sem pontos.
O São Paulo tomou uma série de medidas antes do jogo para transformar a noite em uma decisão. O público decepcionante em jogos anteriores motivou uma promoção. Quem comprasse ingresso para um dos setores do estádio, podia levar um acompanhante de graça. O incentivo ajudou o Morumbi a receber o maior público do ano.
O elenco também se mobilizou de forma diferente. Até jogadores não inscritos na Libertadores, como Wesley, foram ao estádio para incentivar os companheiros, o time fez o aquecimento no campo para sentir o clima do estádio e do lado de fora, não viu protestos.
As reclamações pelo preço de R$ 120 dos bilhetes deram lugar ao incentivo, com bandeiras e músicas para recepcionar a chegada do ônibus da delegação.
O JOGO – O primeiro lance deu a falsa impressão de que a noite seria fácil. Aos 30 segundos uma rápida troca de passes deu chance para Alexandre Pato cruzar e Michel Bastos cabecear a bola na trave. Pato sentiu dores no lance e precisou sair.
Os torcedores mais otimistas ficaram decepcionados com o restante do jogo. Foi uma maçante jornada de paciência, com poucas finalizações do São Paulo e cada palmo avançado era importante.
O time tricolor pressionava o retrancado San Lorenzo e Luis Fabiano incomodava os zagueiros para abrir espaços às chegadas pelas laterais. O traiçoeiro time argentino tentava esfriar o ritmo do adversário, ao ganhar tempo. Só valia avançar com calma e quando não houvesse perigo à defesa.
A habitual lentidão do meio-campo do São Paulo deixou o jogo cômodo para os argentinos. Ganso repetia passes inúteis pelo meio da defesa e o time insistia em jogadas individuais facilmente desarmadas.
Aos poucos a equipe do Papa Francisco se sentiu mais confiante no Morumbi, tinha mais posse de bola e terminou o primeiro tempo melhor, ao também acertar uma bola na trave e conseguir criar mais chances de perigo do que os mandantes.
O intervalo foi uma trégua para o São Paulo, que já estava nas cordas e voltou melhor no segundo tempo. O time conseguiu voltar a ameaçar o goleiro Torrico, mas avançava demais e deixava a dupla de zagueiros exposta aos contra-ataques.
No decorrer do segundo tempo todo o clima de decisão começou a complicar o São Paulo. A tensão pelo empate em 0 a 0 piorou muito com uma bola trave de Luis Fabiano, pelo gol mal anulado de Centurión, por impedimento, e com as chegadas do San Lorenzo à área.
A ansiedade passou a sufocar os gritos da torcida nos 15 minutos finais. O time já era desespero quando o gol salvador saiu e dá nova vida ao time na competição. Depois de muito tempo, o São Paulo saiu de campo festejado pela torcida.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 1 x 0 SAN LORENZO
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Bruno, Rafael Toloi, Lucão e Carlinhos; Denilson, Souza (Alan Kardec), Ganso e Michel Bastos; Alexandre Pato (Centurión) e Luis Fabiano. Técnico: Muricy Ramalho.
SAN LORENZO – Torrico; Buffarini, Yepes, Caruzzo e Mas; Ortigoza (Mercier), Kalinski, Mussis e Blanco (Romagnoli); Cauterrucio (Matos) e Barrientos. Técnico: Edgardo Bauza.
ÁRBITRO – Wilmar Roldán (COL).
GOL – Michel Bastos, aos 43 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Buffarini, Blanco, Caruzzo, Kalinski, Carlinhos e Mercier.
PÚBLICO – 26.236 torcedores.
RENDA – R$ 1.599.849,20.
LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo.