A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira, 19, contra a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Michelle pede explicações sobre o teor de uma publicação no X (antigo Twitter) feita na última quarta-feira, 10, na qual a petista relacionou a ex-primeira-dama e a família Bolsonaro aos casos das joias e das rachadinhas e a um golpe para se manter no poder.
Gleisi comentava sobre a notícia de que Michelle pode concorrer ao Senado em 2026. Segundo uma pesquisa divulgada no início do mês, a ex-primeira-dama estaria na frente em uma eventual disputa no Distrito Federal. A reportagem tentou contato com as assessorias de Michelle e Gleisi, mas não teve resposta.
"Mais um negócio de família! Os Bolsonaros vão se lançar em peso para o Senado: Michele, Eduardo, Flavio e até o Carlos", escreveu a presidente do PT. "Depois de roubar joias para pagar suas contas, fazer rachadinhas pra comprar imóveis, tentar golpe pra se manterem no poder, vão atacar a política com estratégia familiar. Para eles o que importa é isso, se garantirem. Não é sobre Deus, Pátria e Família é só a própria, com muito dinheiro e poder".
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostamente ter montado uma associação criminosa para desviar joiais e presentes de alto valor destinados ao chefe do Executivo.
O valor dos desvios é calculado em R$ 6,8 milhões. Entre as joias investigadas, está um conjunto presenteado a Michelle pelo regime da Arábia Saudita, em um caso revelado pelo Estadão. A ex-primeira-dama não foi indiciada e disse "não saber de nada" sobre o suposto esquema. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.
Em relação à prática de "rachadinha", no ano passado foram revelados detalhes de uma investigação da PF sobre o uso do cartão de crédito de uma assessora da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Rosimery Cardoso Cordeiro teria emprestado por 10 anos seu cartão de crédito a Michelle. As duas negaram irregularidades na prática.
Em 2021, o STF decidiu arquivar um pedido de investigação contra Michelle sobre os R$ 89 mil em cheques depositados pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz na conta dela. Queiroz é o pivô da investigação sobre a suspeita de prática de "rachadinha" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando ele integrava a Assembleia Legislativa do Rio.