A Prefeitura de Guarulhos inaugurou oficialmente nesta segunda-feira (20) a segunda residência temporária da cidade, o Acolhimento Transitório para Pessoas Migrantes e Refugiados Povos Fraternos, localizado no Residencial Parque Cumbica. O prefeito Guti fez a entrega do equipamento acompanhado de secretário de Desenvolvimento e Assistência Social, Fabio Cavalcante.
O novo serviço tem capacidade para 62 pessoas e oferece apoio e moradia aos migrantes estrangeiros encaminhados pelo Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante do aeroporto internacional com solicitação de refúgio ou visto humanitário. Ele será administrado pelo Núcleo Batuíra e possui nove quartos, lavanderia, cinco banheiros, área de convivência, refeitório, além de espaço para sala de aula e brinquedoteca.
“Fico muito feliz em estar aqui hoje. Muitos se dedicaram de corpo e alma para que conseguíssemos acolher nossos irmãos, que não conhecemos, porém temos a obrigação de ajudar. Nenhum município tem a obrigação constitucional de atender a demanda migratória, mas temos o dever humanitário. São pessoas que vêm do outro lado do oceano e essa tarefa é de grande magnitude”, afirmou Guti.
O prefeito observou ainda que cabe ao governo federal garantir políticas públicas para migrantes e refugiados. “A porta de entrada por Guarulhos é a maior da América do Sul por ter o aeroporto e vai estar sempre à disposição do acolhimento. Hoje chegamos a 170 vagas e temos de pensar na retaguarda. O governo federal precisa reconhecer o município como fronteira aérea de forma a garantir que os primeiros acolhimentos, que passam por aqui, possam ser feitos da melhor maneira possível. Para isso, precisamos ter recursos que assegurem que as políticas públicas sejam longevas e permanentes”, explicou o chefe do Executivo.
O apoio e a parceria das diversas instituições da sociedade civil no atendimento aos migrantes e refugiados foram reconhecidos pelo gestor da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social. “A inauguração deste equipamento é motivo de muita alegria, é quase um sonho. É a efetivação de uma política pública no município que possibilita dar melhor acolhida aos migrantes que chegam pelo aeroporto de Guarulhos, não apenas aos afegãos, mas aos que fogem de seu país em situações de medo da morte, perseguição e deixam para trás sua cultura e família. Agradeço o auxílio e a colaboração da sociedade civil no atendimento a eles”, disse Cavalcante.
Ele destacou ainda não haver refugiados no aeroporto aguardando acolhimento. “Hoje não há pessoas migrantes no aeroporto porque as vagas de retaguarda estão dando conta. As três pessoas que hoje estavam lá foram encaminhadas para equipamentos”, afirmou o secretário.
Para a chefe do escritório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em São Paulo, Maria Beatriz Bonna Nogueira, o novo equipamento é um legado à cidade. “Todos deram sua contribuição para que esta inauguração acontecesse hoje, em especial a Prefeitura. Houve o empenho em dar conta de uma demanda inesperada, difícil e específica que é a chegada de um refugiado. Este serviço é um legado ao município e ao Estado”, disse a representante da Acnur.
Já o procurador Guilherme Göpfert, do Ministério Público Federal, ressaltou o papel do município no acolhimento aos refugiados. “Guarulhos é um exemplo a ser seguido pelo país inteiro em fazer um esforço hercúleo para dar alimento, vacinar, atender e garantir que os migrantes tivessem o mínimo para sobreviver. Neste local os migrantes serão tratados com muito carinho, respeito e dignidade. Trata-se de um exemplo humanitário que irá reverberar para demais municípios e outros estados”, afirmou.