Apesar dos ataques feitos durante a campanha eleitoral pelo agora presidente da Argentina, Javier Milei, o ex-presidente Mauricio Macri acredita que o novo governo será pragmático e manterá relações com o Brasil.
Durante a campanha, Milei indicou que romperia com o Mercosul e não teria relações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "corrupto" e "comunista furioso". Nesta segunda-feira, 11, durante fórum da XP em São Paulo, Macri considerou que Milei sabe que o comércio com o Brasil é muito importante e a tendência é de as tensões com Lula diminuírem "A Argentina, no estado de pobreza que está, precisa ter relações boas com todos", apostou Macri.
O ex-presidente entende que a Argentina deve agora mudar o eixo das relações exteriores para Estados Unidos e Israel, porém sem romper com seus principais parceiros comerciais: Brasil e China.
Por várias vezes durante o fórum, Macri defendeu que as medidas de reequilíbrio fiscal, em especial o congelamento de gastos, sejam prioridade do novo governo, de modo que a Argentina possa reforçar suas reservas e dar novos passos – entre eles, a unificação monetária com o Brasil, o que, avaliou, favoreceria primeiro a Argentina. A ideia de uma moeda comum, observou o ex-presidente, pode avançar se Milei tiver êxito no ajuste fiscal.
Ele assegurou que Milei, a quem apoiou nas eleições, não vai imprimir pesos e gerar mais inflação. Colocando-se contra a dolarização proposta por Milei na campanha, Macri apontou diferenças de produtividade entre Argentina e Estados Unidos ao criticar a ideia.
Ele também destacou as riquezas minerais que podem fazer com que a Argentina tenha uma produção de gás superior à da Rússia em dez anos. No entanto, assinalou Macri, a Argentina precisa adotar medidas de reequilíbrio fiscal para voltar a atrair investimentos e resolver o seu problema de restrições de dólares.
Apesar de não endossar a proposta de dolarização, Macri considerou que as ideias de Milei, a quem classificou como um político "totalmente outsider", são claras. O desafio, ponderou, será implementá-las a partir de agora. Nos próximos 90 dias, pontuou Macri, a oposição deve deixar claro como vai se posicionar frente à agenda do novo presidente. Ele descartou, porém, protestos por período prolongado contra Milei.