Aos gritos de "Liberdade, liberdade!", cerca de 160 mil pessoas participaram de uma manifestação ontem na França contra as medidas tomadas pelo governo para lutar contra o avanço da epidemia de covid-19, que ganha terreno com a variante Delta. Entre as medidas, está a vacinação obrigatória para profissionais de saúde e a exigência do passe de saúde para algumas atividades, um projeto a ser votado esta semana.
Em Paris, uma mobilização de 11 mil pessoas constituída essencialmente por Coletes Amarelos, um movimento de protesto hostil à política do governo, partiu da Place de la Bastille, no sudeste da capital. No oeste da cidade, uma mobilização convocada por políticos de extrema direita como o ex-eurodeputado Florian Philippot reuniu ativistas que carregavam faixas com os dizeres "Pare a ditadura". "Liberdade, eu não sou sua cobaia", resumia o slogan escrito em um cartaz.
Segundo a agência France Presse, foram registrados alguns incidentes esporádicos entre polícia e manifestantes. O movimento ocorre no momento em que os franceses afirmam ser esmagadoramente a favor da decisão, tomada em 12 de julho pelo presidente Emmanuel Macron, de tornar a vacinação obrigatória para os profissionais da saúde e de outras profissões, sob pena de sanções.
<b>Passe sanitário</b>
A obrigatoriedade do passe sanitário (vacinação completa ou teste negativo recente) para ter acesso a locais públicos também é apoiada pela maioria dos franceses, de acordo com uma pesquisa publicada no dia seguinte a esses anúncios. Já aplicado em espaços culturais e de lazer, o passe sanitário deve ser estendido no início de agosto aos cafés, restaurantes e trens.
O anúncio das novas medidas por Macron teve o efeito de acelerar a vacinação na França: 39 milhões de pessoas, ou 58% da população total, receberam pelo menos uma dose até sexta-feira e 48% estão totalmente vacinados.
Mas depois de uma queda na primavera (Hemisfério Norte), o número de contaminações explodiu na França sob o efeito da variante Delta, altamente contagiosa, passando de 4,5 mil no dia 9 de julho para quase 21,5 mil na sexta-feira.
A epidemia já matou mais de 110 mil pessoas na França até o momento, segundo dados do governo francês.
A oposição às medidas do governo congregou manifestantes antimáscara, antivacina ou anticonfinamento com reivindicações multifacetadas. No último sábado, mais de 110 mil pessoas se manifestaram em todo o país contra a vacinação, ou o passe de saúde. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>