O desembarque de tropas federais na Grande Vitória, no Espírito Santo, deverá ocorrer a partir da noite desta segunda-feira, 6. A informação foi confirmada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann. Desde sábado, 4, segundo ele, pelo menos 51 pessoas foram assassinadas na Grande Vitória, desde que a Polícia Militar faz paralisação para protestar por pagamento em dia e reajuste salarial.
“Há uma situação de gravidade lá (em Vitória) porque as polícias estão, ao que eu tenho tido informação, impedidas de se deslocarem para exercerem suas funções porque familiares, mulheres dos policiais estão fazendo bloqueios. Isso tem levado a uma situação que, praticamente, não se tem Polícia Militar na rua”, afirmou Jungmann.
“A rede de ensino se encontra desmobilizada, o sistema de transporte com problemas. Ainda hoje deveremos estar nas ruas da Grande Vitória cumprindo a determinação do presidente da República. Com a máxima velocidade, estaremos integrando todo o efetivo.”
O ministro esteve em Natal no fim da manhã desta segunda-feira para avaliar os resultados da Operação Potiguar II, desempenhada por 1.887 militares das Forças Armadas enviados após as rebeliões que culminaram na morte de 26 presos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal. Da capital potiguar, o ministro e comitiva formada por militares seguiu para Vitória.
O total de militares que será colocado à disposição do governo capixaba ainda não foi confirmado, pois a autorização para a liberação das Forças Armadas só foi comunicada ao Ministério da Defesa no início da tarde desta segunda-feira, pelo presidente Michel Temer (PMDB).
Jungmann estima que até 2 mil militares reforcem o policiamento ostensivo em Vitória e na região metropolitana, a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Norte. Esse efetivo deverá ser deslocado de outros comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica do próprio Espírito Santo, além de tropas de Estados vizinhos.
Forças Armadas nos Estados. Nos últimos seis meses, o uso das Forças Armadas foi empregado, além do Rio Grande do Norte, em Pernambuco, Maranhão e Amazonas.
Questionado se esse recorrente emprego das tropas federais nas operação de Garantia da Lei e da Ordem nos Estados representava a falência da Segurança Pública, o ministro negou.
“De forma alguma. O que existe hoje é que o crime se nacionalizou. Os Estados não lidam mais com uma criminalidade local. Hoje, o crime está se nacionalizando, sobretudo no Sudeste”, declarou. “Nenhum governador pode ter o controle ou capacidade de resolver isolado quando há uma crise.”