Estadão

Militares que têm competência ficarão no ministério, diz Queiroga na CPI

Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou ter autonomia para trabalhar na pasta, mas que isso não significa ter "carta branca para fazer tudo o que quer". "Não existe isso, regime é presidencialista, até o momento não houve ponto que me fizesse sentir desprestigiado", disse o ministro. "Tenho trabalhado com muita tranquilidade no ministério".

Questionado ainda sobre militares em cargos na pasta, nomeados na gestão de Eduardo Pazuello, Queiroga disse que a "militarização" ou a "desmilitarização" do ministério não é sua prioridade. "O Ministério da Saúde é imenso, tenho preocupação sobre vacinação, não fico contando militar e não militar", disse o ministro, segundo quem "ficarão os que têm competência".

Mais cedo, Queiroga ainda reconheceu que não há sequer um médico infectologia entre sua equipe no ministério, em plena pandemia.

<b>Protocolo</b>

No depoimento aos senadores, Queiroga afirmou que o tratamento inicial para covid vai "influir muito pouco" no combate à pandemia, diferente do programa de vacinação. Ele voltou a destacar que o assunto é discutido atualmente pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que elabora um protocolo sobre o assunto. "A primeira fase do protocolo (sobre tratamento inicial) já foi elaborada, está seguindo trâmite", disse Queiroga, segundo quem o cronograma de publicação poderá ser repassado aos senadores.

Queiroga então foi questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o motivo de o Ministério ainda não ter retirado de seu site a nota informativa sobre o uso da cloroquina em pacientes com covid, publicada no ano passado. O ministro justificou a atitude dizendo que o documento já perdeu seu objeto, e que continua no endereço eletrônico por fazer parte "da história" do enfrentamento à pandemia.

"Nota informativa perdeu o objeto. A nota não é protocolo, é informação de dose. Não é um ato administrativo, não cabe revogação. Está no site porque faz parte da história", disse Queiroga. Ao ser perguntando se a situação não causaria confusão para a população, o ministro disse "não saber".

Queiroga afirmou também que a sociedade científica oferece subsídios para a Conitec elaborar tais protocolos, os quais podem ou não ser aceitos. "Quem conduz política pública é o Ministério da Saúde", disse o ministro.

Ele também voltou a dizer que já expressou diversas vezes no depoimento sua posição sobre o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina em pacientes com covid. "Não tem eficácia comprovada", disse o ministro, reconhecendo ainda não ter manifestado essa opinião durante a primeira oitiva na CPI. "Sobre tratamento da covid já manifestei aqui meu ponto de vista de maneira clara, o que eu não tinha feito aqui na outra reunião", afirmou.

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