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Ministério é definido sob críticas e tensão

A 24 horas da sua posse, a presidente Dilma Rousseff conseguiu fechar hoje sua equipe de ministros para o segundo mandato. Na lista, no entanto, 13 nomes foram mantidos nos cargos. Alguns, porque realmente iriam ficar, como Aloizio Mercadante na Casa Civil e José Eduardo Cardozo na Justiça. Outros, porque não foram resolvidos a tempo e não foram considerados prioritários, como o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito. A indecisão até a última hora, no entanto, reflete a dificuldade que a presidente teve para resolver o xadrez ministerial.

As tentativas de satisfazer a base e seu próprio partido, o PT, tornaram o novo ministério uma unanimidade: ninguém gostou. As críticas começaram já na nomeação da nova equipe econômica.

Pressionada a dar um sinal ao mercado de que teria uma política econômica e fiscal mais ortodoxa, Dilma apressou-se e anunciou já no final de novembro os novos ministros da Fazenda (Joaquim Levy) e do Planejamento (Nelson Barbosa). Imediatamente, o nome de Levy – que já havia sido secretário do Tesouro no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – começou a ser bombardeado por alas mais à esquerda do PT por ser considerado excessivamente ortodoxo.

O partido da presidente perdeu espaço no novo governo, especialmente as correntes ligadas a Lula. Ao definir Miguel Rosseto para a Secretaria-Geral da Presidência e Pepe Vargas para o lugar de Ricardo Berzoini nas Relações Institucionais, ambos da tendência mais à esquerda Democracia Socialista, Dilma afastou de vez o núcleo palaciano, completado pelo chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de seu antecessor.

O PT ainda mantém o maior número de cargos na Esplanada – além dos três postos palacianos, a sigla está à frente das pastas da Saúde, Justiça, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, Previdência, Comunicações, Cultura, Defesa, entre outras. Os petistas, porém, viram crescer o tamanho do PMDB, que tem agora seis ministérios, a entrada de Gilberto Kassab, do PSD, no primeiro escalão e o crescimento do PROS, que recebeu uma das pastas mais caras ao PT: a Educação, assumida pelo ex-governador do Ceará, Cid Gomes. Dilma queria criar novas linhas de articulação política no governo, tentando reduzir o poder do PT e do PMDB dentro do próprio governo e no Congresso e evitar ficar refém das exigências dos dois grupos. Mas o Ministério desagradou a quase todos os lados.

Desgosto

Enquanto o PT reclama da perda de cargos e influência, Dilma conseguiu contentar outros partidos da base, mas não sem enfrentar o desgosto pelos nomes escolhidos. Além de Levy, a indicação de Kátia Abreu (PMDB) para a Agricultura sofreu ataques de ambientalistas, pequenos agricultores e não agradou totalmente nem ao seu próprio partido, que a considera da cota pessoal da presidente.

A ida de Aldo Rebelo para a Ciência e Tecnologia foi também alvo de bombardeio. Algumas posições do ministro, consideradas ultrapassadas, voltaram para assombrá-lo, como a resistência a aceitar o aquecimento global. O substituto de Rebelo nos Esportes, George Hilton, também foi visto com assombro não só por não ter nenhuma intimidade com o tema como por ter sido expulso do antigo PFL – hoje DEM – ao ser flagrado pela Polícia Federal, em 2005, com R$ 600 mil em 11 malas de dinheiro, no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.

Mesmo com o anúncio no último dia, as dificuldades da presidente com seu Ministério ainda não terminaram. Dos 13 confirmados ontem, alguns ainda devem ser trocados, como o ministro do Trabalho, Manoel Dias, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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