Saúde

Ministério Público estadual já investiga amputação no pequeno Wallas

Inquérito aberto para apurar problemas em UTI foi estendido para todo o hospital municipal

O Ministério Público do Estado (MPE) de São Paulo investiga a amputação de parte do dedão do pé direito de um bebê de dois meses que entrou  com pneumonia no Hospital Municipal da Criança (HMC). A promotora Renata Gonçalves de Oliveira, da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Guarulhos, estendeu o inquérito para apurar irregularidades na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o restante do hospital (leia mais aqui).

A diretória do HMC já encaminhou o prontuário de Wallas Kevin Conceição dos Santos ao MPE. O material será analisado por médicos da Promotoria. Renata verifica também relatórios do Centro de Vigilância Sanitária (CVS), órgão vinculado ao Governo do Estado, que interditou a UTI do hospital em 31 de maio, além de documentos do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Leia aqui: UTI interditada pela Vigilância Sanitária deve ser reaberta na próxima semana

A Secretaria Municipal da Saúde investiga por sindicância a causa da necessidade da amputação, mas considera duas possibilidades: um soroma – bolha de soro com medicamento que espalha fora da veia – ou um êmbolo séptico – resultado do deslocamento de infecção pulmonar do bebê para o dedão do pé pelas veias sanguíneas.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, Wallas segue sem previsão de alta, mas está bem clinicamente. No domingo, o bebê passará por avaliação médica para constatar a possibilidade de fazer uma cirurgia plástica para recompor parte da região amputada.

Segundo a mãe de Wallas, a dona de casa Joyce Naraissa da Conceição, 25 anos, os médicos da criança disseram que vão cuidar bem dele, mesmo com as denúncias feitas na imprensa. "O menino está bem", conta.

Wallas entrou no HMC em 11 de junho com pneumonia, sendo transferido três dias depois para a UTI do Hospital Estadual de Francisco Morato, e retornou a Guarulhos uma semana depois. Na última semana teve parte do dedão retirado. A Polícia Civil investiga o HMC por lesão corporal culposa, sem intenção de ferir, após denúncia dos pais do bebê no 1º Distrito Policial. No hospital ocorreram 14 mortes em dois meses, sendo 12 na UTI.

"Lesão no dedo apresentava evolução", afirma Hospital de Francisco Morato

A lesão no dedão do pé direito de Wallas Kevin Conceição dos Santos, de dois meses, apresentava "boa evolução na ocasião da alta hospitalar", afirma o Hospital Estadual de Francisco Morato, que atendeu o bebê na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por uma semana. O menino teve parte do dedo amputado no Hospital Municipal da Criança (HMC), em Guarulhos, na última semana.

Em coletiva de imprensa na quarta-feira, o secretário municipal da Saúde, Carlos Derman, disse que Wallas voltou ao HMC com o dedo sem circulação sanguínea. Essa não é a versão da equipe médica que atendeu o bebê naquele hospital.

Segundo a diretoria do hospital de Francisco Morato, administrado pela Irmandade da Santa Casa de São Paulo, Wallas chegou na UTI com edema e arroxamento do pé direito, quadro apresentado um dia antes da transferência do HMC. A diretoria afirma que o paciente recebeu tratamento especializado de cirurgia vascular, com curativo especial e apresentava melhora quando o bebê voltou a Guarulhos.

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