Estadão

Ministras sobrevoam área de garimpo na terra Yanomami onde indígena foi morto

As ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sônia Guajajara, dos Povos Originários, sobrevoaram a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, nesta segunda-feira, 1º, onde o agente de saúde indígena Ilson Xirixana foi morto no último final de semana. Segundo líderes indígenas, o ataque a tiros, que ainda deixou dois feridos, teria partido de garimpeiros ilegais que atuam na região.

Em coletiva de imprensa no Auditório do Hangar da Base Aérea de Boa Vista, as ministras afirmaram que é visível a queda na presença de garimpeiros no território. As estimativas do Ministério do Meio Ambiente falam em redução de 80%. "É importante se entender que a ação integrada vai continuar até que se cessem os conflitos e saiam os garimpeiros", falou Sônia.

Marina disse que a intensificação na retirada dos criminosos virá por meio da atuação da Polícia Federal em identificar financiadores do garimpo. "A Polícia Federal realiza um trabalho de inteligência para identificar não só quem está sendo usado na ponta, mas também quem dá suporte (financeiro e logístico) à ação criminosa."

A ministra também falou que o governo trabalha pela retirada pacífica dos garimpeiros que permanecem no território indígena e que os conflitos resultam da resistência de agentes criminosos. No domingo, 30, quatro garimpeiros morreram durante operação de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama na região de Uiaiacás, na Terra Indígena Yanomami. A PRF disse que a equipe foi recebida a tiros.

Foram apreendidos um fuzil e armas de uso restrito. O ataque é investigado pela Polícia Federal. O governo diz que há indícios de que uma facção criminosa atua no local. Um dos mortos era foragido da Justiça do Amapá.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, este é o quarto ataque contra equipes do Ibama desde fevereiro, quando o governo iniciou os planos para retirada de garimpeiros do território Yanomami.

A ministra da saúde, Nísia Trindade, prestou solidariedade ao agente de saúde morto. Ela foi ao Hospital Geral de Roraima para visitar os outros dois indígenas que foram gravemente feridos no mesmo confronto e disse que eles estão estáveis, conscientes e não correm perigo de vida.

Nísia defendeu o caráter interministerial da operação ao lembrar que a atuação das equipes de saúde depende da segurança pública na região. "Já houve fechamento de unidades de saúde por causa da presença de garimpos e dos conflitos. Precisamos do olhar forte da Defesa e da Segurança Pública, de todos os ministérios."

Uma nova reunião interministerial foi marcada para esta terça-feira, 2, para discussão dos novos passos na atuação do governo para acabar com o garimpo ilegal na terra indígena Yanomami.

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