O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, esteve em Brasília nesta segunda, 28, reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Massa deixou o encontro com um acordo de US$ 600 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões) para financiar exportações brasileiras, garantido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).
Massa busca aliviar as finanças argentinas no curto prazo, em tempo de dar um pouco de oxigênio para sua candidatura na eleição presidencial de 22 de outubro. A visita ocorreu horas após o ministro anunciar medidas para conter a crise que ignoram os pedidos do FMI para o país reduzir gastos.
No pacote anunciado pelo ministro, o governo fará uma ampla distribuição de benefícios para aposentados, pequenas e médias empresas, trabalhadores independentes, assalariados, o setor agrário e grupos que dependem de programas do Estado, além de créditos e redução de impostos.
"O objetivo é que cada setor da economia tenha ajuda do Estado", disse Massa, citando a desvalorização da moeda e a seca como motivos para oferecer apoio financeiro às famílias.
Segundo o plano de Massa, os 7 milhões de aposentados argentinos terão direito a receber – em setembro, outubro e novembro – um adicional de 37 mil pesos (US$ 105), elevando a pensão mínima para 124 mil pesos (US$ 354). Além disso, caso comprem com cartão, terão devolução do imposto sobre valor agregado até 18 mil pesos (US$ 51), além de créditos preferenciais.
Trabalhadores independentes estarão isentos de pagar impostos durante seis meses e terão acesso a crédito, entre outras medidas. Também haverá créditos especiais para assalariados a taxas abaixo das praticadas pelo mercado, para que possam saldar dívidas.
O ministro anunciou ainda reforço no chamado Cartão Alimentação para as mães, que aumentará conforme o número de filhos. No setor agrário, um financiamento foi criado para fertilizantes para produtores de setores que estão em caráter de "emergência" em razão da seca.
<b>Em dificuldade</b>
Massa ainda anunciou US$ 770 milhões para financiamento a exportações, o que, segundo ele, ajudará a apoiar as reservas argentinas, cada vez mais baixas. As medidas foram anunciadas após vários supermercados e comércios de diferentes cidades terem sido alvo de violentos saques nos últimos dias.
A onda de violência levou muitos negócios a fecharem temporariamente as portas. A pobreza já afeta quase 40% da população argentina e a inflação está em 113,4%, na comparação anual de julho. Há ainda a incerteza eleitoral, após o libertário Javier Milei ser o candidato mais votado nas primárias – ele defende a dolarização da economia e a extinção do Banco Central da Argentina.
Agora, Massa aparece em segundo lugar em quatro das últimas cinco pesquisas divulgadas na semana passada. Ele corre contra o tempo para tentar conter o avanço de Milei, que lidera todas as sondagens, e evitar a aproximação da conservadora Patricia Bullrich, que aparece em terceiro em quatro das cinco pesquisas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>