O Congresso do Peru, dominado pela oposição, negou-se na quarta-feira a dar um “voto de confiança” ao ministro da Economia, Alfredo Thorne, em um duro golpe político para o governo do presidente Pedro Pablo Kuczynski. Por 88 votos pela renúncia e 11 contra, o Parlamento unicameral anunciou que comunicará ao presidente a decisão do Legislativo, segundo a presidente do Congresso, a fujimorista Luz Salgado.
De acordo com as leis peruanas, Thorne, um experiente banqueiro que atuou no Banco Mundial e no J.P. Morgan, terá que deixar o posto, após a decisão do Parlamento ser entregue ao presidente. Thorne foi acusado pela oposição por ter pressionado o organismo que controla o dinheiro público para que desse um parecer favorável a um plano cancelado de US$ 520 milhões para construir um segundo aeroporto em Cuzco, atração turística do Peru que recebe 1,7 milhão de turistas por ano.
Thorne nega as acusações feitas a partir de uma gravação não autorizada entre o ministro e outra autoridade. Com a saída dele, o presidente perde seu quarto ministro em menos de um ano. Analistas concordam, porém, que a política econômica do país não sofrerá mudanças.
Os analistas também apontam que Kuczynski, que tem uma bancada parlamentar de apenas 18 membros, não tem muita perícia política para enfrentar um Congresso hostil, dominado pelo fujimorismo que controla 72 das 130 cadeiras.
Minutos após a derrota para o ministro da Economia, o Parlamento iniciou a interpelação do ministro do Interior, Carlos Basombrío, convocado para responder 39 perguntas sobre diversos temas de segurança interna. Não se sabe se ele também poderia ser alvo de votação dos congressistas para que deixe o posto.
Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori e líder do partido opositor Fuerza Popular, perdeu as eleições presidenciais para Kuczynski em junho de 2016. Desde então ela se reuniu com o presidente somente uma vez, mantendo com ele uma relação difícil.
O primeiro-ministro peruano, Fernando Zavala, agradeceu o trabalho de Thorne e afirmou que não é “o mais adequado” mudar o ministro das Finanças em meio aos golpes do caso Lava Jato no país e às emergências causadas pelo fenômeno climático El Niño na costa do país. Fonte: Associated Press.