O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, negou neste domingo, 26, que tenha conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre a Operação Acesso Pago contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, durante viagem aos Estados Unidos. Torres classificou como "especulação" a suspeita de que possa ter repassado a Bolsonaro informações a respeito da investigação da Polícia Federal sobre o gabinete paralelo do Ministério da Educação (MEC).
"Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem", afirmou Torres, em seu perfil oficial no Twitter. O ministro não esclareceu se tratou dos planos da PF e da investigação com o presidente antes ou depois da viagem aos Estados Unidos.
Foi a primeira manifestação do ministro da Justiça sobre o caso. Até então, Bolsonaro, Presidência da República e Ministério da Justiça não haviam se pronunciado.
O Ministério Público Federal encontrou indícios de que o presidente Bolsonaro possa ter interferido ilegalmente na investigação e que a operação da PF vazou. Por isso, o caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal.
O delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, diz que houve tratamento privilegiado ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por parte da cúpula da PF. Ele disse não ter autonomia para tocar a investigação.
Preso na operação, o ex-ministro Milton Ribeiro disse que o presidente o contou, em um telefonema, que acreditava que havia chances de busca e apreensão contra ele. O diálogo foi interceptado pela Polícia Federal, subordinada a Torres.
"Hoje o presidente me ligou Ele tá com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa", relatou o ex-ministro em ligação com a filha. No dia da chamada, 9 de junho, Bolsonaro estava em viagem aos Estados Unidos. Anderson Torres acompanhou a comitiva presidencial na visita.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quarta-feira, 22, na Operação Acesso Pago, que chegou a prender, além de Milton Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles foram liberados após habeas corpus para aguardar as investigações em liberdade.