Os ministros das Finanças da zona do euro (que formam o Eurogrupo) aprovaram nesta sexta-feira o pacote de ajuda de 86 bilhões de euros à Grécia, com a primeira parcela totalizando 26 bilhões de euros, em troca de duros cortes de gastos e aumentos de impostos.
O acordo entrega à Grécia outra corda de salvação para se manter na zona do euro, mas enfrenta grandes obstáculos, incluindo a perspectiva de novas eleições na Grécia e uma batalha entre credores sobre a forma de reduzir a dívida desmedida do país.
Do primeiro pagamento, de 26 bilhões de euros, cerca de 13 bilhões irão para o pagamento dos credores internacionais da Grécia, incluindo Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). As autoridades disseram ainda que 10 bilhões de euros irão para recapitalizar os bancos do país, feridos por uma onda de saques e controles de capitais.
Os outros 3 bilhões de euros, suscetíveis de serem pagos em fatias menores em troca da implementação de novas medidas de austeridade, vão ajudar o governo a liquidar pagamentos em atraso.
O acordo ainda deve ser aprovado por alguns parlamentos nacionais, incluindo a Alemanha. Alguns países, como a Finlândia, já deram sua aprovação.
A aprovação do pacote pelo Eurogrupo ocorreu um dia depois de o Parlamento da Grécia votar uma série de reformas dolorosas e cortes de gastos em uma sessão que dividiu o partido do governo, o Syriza, aumentando o temor de eleições antecipadas.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Djisselbloem, salientou em houve diferenças, mas que os ministros “conseguiram resolver as questões na última hora”. “Sendo assim, a Grécia está e vai irreversivelmente permanecer como membro da zona do euro”, afirmou, acrescentando que o comprometimento com as reformas e a abordagem do governo de Atenas ajudaram a reconquistar confiança dos credores internacionais.
Djisselbloem confirmou ainda que o pacote final resgate à Grécia totaliza 86 bilhões de euros, incluindo 25 bilhões de euros para os bancos do país.
O presidente do Eurogrupo pediu que o conselho do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) aprove o pacote de ajuda à Grécia até dia 19 de agosto, um dia antes do vencimento de uma parcela da dívida com o Banco Central Europeu (BCE).
O diretor geral do ESM, Klaus Regling, confirmou que metade da primeira parcela (13 bilhões de euros) será liberados para a Grécia em 20 de agosto. Segundo ele, o prazo médio de vencimento dessa nova dívida grega é de 32,5 anos. O dirigente disse também que espera que o FMI participe do pacote de resgate.
O ministro das Finanças da Grécia, Euclid Tsakalotos, comemorou a aprovação do acordo e disse que o
sucesso do acerto com os credores depende de como os gregos vão responder a ele. “O acordo traz muitas oportunidades à Grécia, mas também problemas para certos grupos sociais”, afirmou, sem especificar a quais grupos estava se referindo.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que o acordo com a Grécia é um “avanço muito importante”, mas alertou que Atenas precisa dar mais detalhes sobre reformas nas pensões custeadas pelo estado.
Lagarde disse ainda estar “firmemente convicta de que a dívida da Grécia se tornou insustentável” e cobrou empenho das outras instituições credores para aliviar os encargos à Atenas. “Considero que o debate sobre a dívida grega precisa ir muito além”, afirmou, em uma nota enviada à imprensa. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.