São Paulo passou a investir recentemente mais em escolas estaduais em tempo integral, com rápido crescimento. Em 2018, havia 364, em 140 cidades, hoje são 2.050, em 464. Isso equivale a 40% das unidades de ensino fundamental 2 (6.º ao 9.º ano) e das de médio. A maioria dos investimentos para a expansão vem do próprio Estado, sem ajuda do Ministério da Educação.
O plano, anunciado pelo então governador João Doria, prevê chegar a 3 mil escolas em 2023 e é também um dos trunfos para a campanha de Rodrigo Garcia (PSDB). O programa tem escolas de 7 e de 9 horas de funcionamento, com pagamento de R$ 2 mil a mais para os professores, e currículo com práticas experimentais, projeto de vida e tutoria. As escolas decidem se aderem ou não.
A política cresceu no Estado quando Rossieli Soares se tornou secretário (2019 a 2022). Ele também estava no MEC em 2016, quando o governo federal criou o programa nacional. Rossieli é pré-candidato a deputado federal pelo PSDB e tem defendido essa bandeira.
O Sindicato dos Professores (Apeoesp) critica a política em São Paulo, alegando que falta estrutura. Em nota, diz que o projeto é "eleitoreiro, implementado de forma autoritária, sem diálogo, sem respeitar a vontade da comunidade" e que ao se tornar integral a escola "está de fato expulsando os estudantes que trabalham ou que realizam outros cursos e atividades".
O governo informou que a mudança ocorre depois de "consulta democrática com participação de toda comunidade escolar". A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, é pré-candidata a deputada estadual pelo PT.
Apesar da política ser nova, as taxas de homicídio em São Paulo caíram nas últimas décadas e hoje são as menores do País. Para Bruno Paes Manso, do NEV-USP, além da ação do Estado, houve profissionalização do mercado de drogas, que ficou mais lucrativo e menos conflituoso. Mas levou mais violência para outros Estados, com a matança entre os grupos.
"Quem segurou o tempo integral nos últimos anos foi o terceiro setor, que faz formação de professores, tem consultores", diz a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli.
O Estado aumentou de 96 para 240, entre 2019 e 2022, o total de escolas do modelo, com pouca ajuda do MEC.
"Precisamos segurar o bom professor", diz ela, que paga R$ 2.500 a mais para docentes do integral. Fátima defende que a mudança comece cedo. "O menino que vem desde o 8.º ano no integral já é mais autônomo, tem o sonho da universidade. Muitos que têm a oportunidade só no ensino médio acham que trabalhar é mais importante." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>