Todos eles estão desfilando pela primeira vez na São Paulo Fashion Week (SPFW), têm idade entre 16 a 22 anos, moram com muitos outros jovens e têm uma reclamação em comum: estão sentindo falta de suas famílias. Na 41ª edição da São Palo Fashion Week, que termina na sexta, 29, na Bienal de São Paulo, também colecionam desafios. Vitor Soratto, de 18 anos, por exemplo, emagreceu dez quilos em um mês para poder desfilar. Já Isabela Camargo, de 16 anos, foi emancipada para poder ficar sozinha em São Paulo. Confira essas e outras histórias de new faces estreantes na semana de moda.
Vitor Soratto, 18 anos: emagreceu dez quilos em um mês
Aos 13 anos de idade, Vitor começou a carreira como modelo, mas até os 18 ele não havia conseguido se firmar como modelo. “Foi quando, no ano passado, conheci uma menina que me levou para participar do The Look of the Year, concurso de novos talentos da Joy Model Management”, conta. “Não ganhei porque estava gordo, mas eles falaram para eu me preparar que em um mês eu me mudaria para São Paulo. Então, peguei firme nesse um mês com dieta, treino, dedicação e foco.” O modelo tem 1,87 de altura, pesava 85 quilos, portanto o Índice de Massa Corporal (IMC) dele era 24,31 o que é considerado normal. Atualmente, ele pesa 75 quilos.
Em sua primeira edição de SPFW, o jovem desfilou para a marca À La Garçone, que leva a assinatura de Alexandre Herchcovitch e para o estilista Ronaldo Fraga. “O mais difícil do SPFW é esperar. Backstage é bastante complicado, porque passamos pela maquiagem, arrumamos o cabelo, ensaiamos. É uma correria, mas ao mesmo tempo temos que ficar parado no mesmo lugar durante um período”, conta. Vitor está morando em São Paulo há três meses em uma república da agência Joy, que compartilha com outros quatro modelos.
Isabela Camargo, 16 anos: já se emancipou
Em janeiro, Isabela deixou a típica vida de uma estudante de 16 anos em Porto Velho, Rondônia, para dividir uma casa com outras 20 jovens que também estão à procura do seu lugar ao sol no mundo da moda. Por ter deixado a família há mais de três mil quilômetros de distância, a modelo teve que se emancipar aos 16 anos para não depender dos pais para resolver questões burocráticas da carreira.
“É difícil tomar a decisão de se emancipar. Todo mundo ainda faz aquela piadinha já pode ser presa”, conta. “Mas emancipação não é esse bicho de sete cabeças, é só um direito que a gente tem para poder viajar, assinar um contrato, desfilar aqui sem meus pais precisarem estar junto comigo.” A jovem não planejava ser modelo e muito menos sair da casa dos pais tão cedo. Ela foi acompanhar uma amiga na inscrição de um concurso de modelos e o olheiro acabou pedindo para que ela também participasse da competição. Acabou sendo uma das finalistas e, na última quarta-feira, 27, abriu o desfile da marca Iódice na SPFW. Também esteve na passarela de Apartamento 03, A. Brand, Juliana Jabour e Ellus Second Floor.
Eduarda Hermana, 18 anos: mora com 22 modelos
“É complicado, mas é bom. É um aprendizado novo”, diz a jovem de Sinópolis, Mato Grosso, sobre morar com outras 22 modelos no Jardim Paulista, bairro nobre de São Paulo. Ela conta que o mais difícil nesse seu início de carreira tem sido a convivência com as outras meninas que residem na casa da agência. “É muita gente, é muita bagunça! Às vezes fico estressada, desanimada, sem vontade de fazer nada.”
A quantidade de pessoas não é a única diferença entre morar com os pais ou em uma república de modelos. “Na minha casa, tem carinho, tem aconchego.. Aqui é uma para cada lado, se você não faz uma boa amizade, você está sozinha”, desabafa a modelo, que em sua primeira edição de SPFW esteve nas passarelas de Adriana Degreas e Samuel Cirnansck.
Lorena Marques, 22 anos: teve três dias para se mudar para São Paulo
No dia da entrevista, quarta-feira, 27, Lorena estava completando 22 anos e um mês como modelo na capital paulista. Em uma quinta-feira ela soube que precisaria mudar para São Paulo para dar um passo importante em sua carreira e, três dias depois, no domingo, deixou o Rio de Janeiro para vir morar na casa de modelos da agência Mega. Lorena nasceu em Miradouro, Minas Gerais, mas aos dois anos de idade passou a viver no Rio.
“Foi tudo muito rápido, na primeira semana foi um baque. Não tinha nada planejado. Foi tudo uma surpresa para mim. No começo foi muito difícil, essa correria, aula de passarela.. Mas agora eu já estou bem adaptada”, conta a modelo que abriu o desfile da PatBo e também estará na passarela da Água de Coco.
Júlia Baumgartner, 18 anos: ela se assustou com a correria de uma semana de moda
Na terça-feira, 26, a jovem ficou no prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera, onde ocorre a SPFW, até o fim do último desfile. Depois seguiu ainda para mais duas provas de roupas. Chegou em casa uma e meia da madrugada e acordou às cinco para estar no desfile da manhã de quarta-feira, 27. Em três dias de evento, ela já havia marcado presença em dez passarelas apresentando coleções de marcas como Lenny Niemeyer e Iódice.
Chegou a ter que pedir para o booker levar comida para que ela pudesse se alimentar entre um desfile e outro. “Estou bem surpresa, porque não achava que era tão corrido. As meninas que participaram de outras temporadas sempre falavam isso, mas eu não imaginava que era essa loucura!”, afirma a novata nas passarelas. Júlia começou a carreira de modelo aos 13 anos de idade, mas apenas em agosto do ano passado deixou a cidade de Guabiruba, em Santa Catarina, para morar em São Paulo e entrar de cabeça na indústria da moda.
Ariel Cruz Rosa, 16 anos: o surfista que sente falta do mar
Ele foi o vencedor do concurso de novos talentos da agência Joy, em 2015, na categoria masculina. Sua irmã, que já era modelo muito antes de Ariel pensar nessa carreira foi a vencedora entre as garotas. Apesar da influência fashionista dentro de casa, ele foi abordado por um agente de modelos em um shopping center de sua cidade natal. Ariel é natural da capital da Bahia, Salvador, e ao falar sobre as principais dificuldades que enfrenta ele lembra das ondas. “Sinto falta do mar, eu surfava bastante.” Agora, ele mora na mesma casa que Vitor, o modelo citado anteriormente nesta reportagem. “Cheguei em São Paulo há duas semanas, estou morando em um pombal, um monte de modelo junto”, conta Ariel.
O baiano estreou na passarela da À La Garçone, que tem Alexandre Herchcovitch como estilista. “O momento mais tenso é a fila antes de entrar no desfile. Na hora que eu saio do backstage e vejo as luzes, eu já me solto mais. Durante a fila, várias coisas passam pela cabeça e na sua vez você apenas vai. O nervosismo é uma dificuldade, mas com o tempo eu acho que vou acostumar. O fim do desfile é um alívio”, afirma Ariel.