Estadão

Moderação externa limita movimentos bruscos das taxas, de olho em Powell e antes do Copom

A moderação dos mercados internacionais, em meio ao CPI do Reino Unido de maio superar as expectativas, dificulta as principais taxas futuras de juros de mirar uma alta consistente nesta quarta-feira, 21, até porque as principais decisões e eventos do dia acontecerão mais tarde.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulga sua definição sobre a Selic só no início da noite e a parte de perguntas e respostas da participação do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, na Câmara do país, será às 11 horas, bem como falas de outros dirigentes da autoridade monetária americana.

Há pouco, o testemunho de Powell à Casa foi liberado. O presidente do Fed disse reafirmou que a instituição está "fortemente comprometida" em levar a inflação de volta à meta de 2%.

No Brasil, eventuais sinais de avanço fiscal, em meio à espera de aprovação do arcabouço fiscal e de aceleração da reforma tributária – o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) fala em apresentar o relatório amanhã – podem ser fonte de alívio dos juros futuros. Hoje, os presidentes do Congresso e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) participam de evento da CNI sobre a reforma tributária.

Ontem, os principais vértices fecharam perto do ajuste anterior, com os investidores já em compasso de espera pelo Copom, que deve manter a Selic em 13,75% ao ano no início desta noite. O grande foco de atenção do mercado será o comunicado, que espera ler sinais de afrouxamento monetário em agosto.

"O BC deve manter a taxa no nível atual e sinalizar queda na próxima reunião, mas sem mencionar o quanto cairia na seguinte", avalia Beto Saadia, economista e sócio da Nomos.

De acordo com Saadia, os resultados dos indicadores recentes da economia doméstica são muito bons no sentido de reforçar a expectativa de queda da Selic no Copom de agosto. "Só que faz pouco tempo que isso tem acontecido. É interessante o BC mostrar uma certa ortodoxia em relação a uma queda mais confiante na próxima reunião do que indicar recuo agora. Pode passar mensagem de leniência para o mercado", completa.

O sócio da Nomos acrescenta ainda que o Banco Central já reconheceu melhora da inflação em comunicados, mas ainda não indicou recuo dos juros. "Agora, deve vir algo do tipo de que vai mexer nos juros nas próximas reuniões. Vemos espaço para redução dos juros nos próximos encontros. O BC tem se colocado dentro das expectativas, não é intenção dele nesse momento quebrar expectativa", avalia.

Para a MCM Consultores, o Comitê manterá a taxa no nível atual, mas com comunicado "dovish", afirma em relatório. "Segue válido o nosso cenário para a política monetária no Brasil, que inclui, a continuidade da taxa Selic em 13,75% na reunião de hoje, um corte inicial da Selic, de 25 pontos base, no Copom agendado para agosto, e cortes adicionais de 25 pontos base em setembro, 50 pontos base em novembro e 50 pontos base em dezembro", detalha.

Às 10h20, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 exibia taxa de 13,010%, após 12,993% no ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 exibia 11,105%, depois de 11,071% no ajuste da véspera. Já o DI com vencimento em janeiro de 2027 tinha 10,55%, ante 10,53% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 era negociado em 10,89%, de 10,88% do ajuste de ontem. O dólar à vista subia 0,08%, a R$ 4,800.

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