O dólar recuou ante o euro e a libra nesta terça-feira, 21, em meio à recuperação de ativos atrelados ao risco nos mercados internacionais. O iene, porém, voltou a registrar forte depreciação após atingir seu menor valor ante a divisa americana em 24 anos, diante da política acomodatícia do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), apoiado hoje pelo primeiro-ministro Fumio Kishida. Já o rublo russo operou em direção contrária e renovou máxima em relação ao dólar desde 2015.
O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante seis rivais, fechou em baixa de 0,25%, aos 104,435 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro subia a US$ 1,0536, a libra apreciava a US$ 1,2271 e o dólar avançava a 136,60 ienes.
Após um período extenso de ganhos no mercado cambial, o dólar tem perdido fôlego no exterior por conta de um movimento de correção nos mercados globais, após se afastaram de ativos atrelados ao risco por conta da perspectiva de aperto monetário em potências globais, lideradas pelos EUA.
Presidente do Federal Reserve (Fed) de Richmond, Thomas Barkin defendeu as ações recentes do BC para controlar a inflação e disse que a moderação da demanda não precisa provocar uma recessão técnica – quando há dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB) – nos EUA.
Na zona do euro, os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) Olli Rehn e Peter Kazimir reforçaram a perspectiva de que os juros reais sairão do atual patamar negativo nos próximos meses. Já no Reino Unido, o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill, previu mais altas de juro pela entidade e disse que o aperto pode ser acelerado caso as pressões nos preços aumentem.
Em movimento contrário ao de pares globais, o iene japonês voltou a renovar seu menor nível ante o dólar em 24 anos, após o primeiro-ministro do país, Fumio Kishida, elogiar a política ultra-acomodatícia do BoJ para apoiar a economia. A moeda do Japão se enfraquece à medida que a política do BC local se descola de outras autoridades monetárias de países desenvolvidas.
Na opinião do Goldman Sachs, o BCE é a entidade menos propensa a desistir de seu ciclo de aperto monetário em face de uma eventual recessão. O banco destaca que a grande maioria dos comentários de dirigentes do BC comum este ano focaram na inflação – 90% para inflação contra 10% sobre crescimento, ante média de 40% contra 60% entre BCs de países do G10. "Isso também é consistente com o mandato único de estabilidade de preços do BCE e sua decisão de entrar na crise financeira global e na crise da dívida soberana", argumenta.
O JPMorgan crê que o BCE pode elevar os juros em meio ponto porcentual já no mês que vem, apesar da presidente Christine Lagarde antecipar ritmo menor de aumento das taxas. Segundo o banco americano, a implementação de um instrumento para conter o aumento dos spreads entre rendimentos de bônus da periferia da zona do euro aumenta a chance de uma elevação mais forte do juro.
Entre emergentes, o dólar recuava a 54,185 rublos russos, em meio ao alto superávit em conta corrente da Rússia por conta das sanções do Ocidente e alta demanda por petróleo e gás do país, segundo explica o Commerzbank. Mais cedo, o dólar atingiu mínima diária de 52,375 rublos, menor nível desde 2015.