Estadão

Moedas: dólar recua ante rivais e derruba DXY abaixo de 101 pontos, com Fed em foco

A desvalorização do dólar ante rivais fortes, na esteira de decisão monetária do Federal Reserve (Fed), voltou a derrubar o DXY abaixo dos 101 pontos. As perdas foram intensificadas após o presidente do Fed, Jerome Powell, comentar que um ritmo mais gradual no aperto não significa necessariamente alta dos juros a cada duas reuniões e que existe caminho para um pouso suave na economia dos Estados Unidos. Powell, porém, deixou claro que não havia decisão tomada sobre os próximos passos, e que eles dependerão dos indicadores por vir.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 140,22 ienes, o euro subia a US$ 1,1098 e a libra tinha alta a US$ 1,2947. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou em queda de 0,46%, a 100,887 pontos.

O Fed elevou os juros em 25 pontos-base, como amplamente esperado pelo mercado, em decisão unânime. Em sua entrevista coletiva após a decisão, Powell não descartou mais aperto, mas ressaltou que não daria sinal mais explícito sobre o futuro, diante das incertezas no quadro. Ele não espera cortes de juros neste ano e disse que um relaxamento em 2024 é algo ainda a ser debatido. A Pantheon considerou que o Fed manteve em aberto a possibilidade de mais aperto. Já a Capital Economics acredita que o ciclo de aperto "está encerrado", e disse que os mercados futuros em geral concordavam com sua posição. Para a Capital, sinais de mais relaxamento da inflação nos números de julho e agosto devem convencer o Fed a manter os juros ao longo do restante deste ano.

No câmbio, o dólar ampliou perdas, em meio às declarações de Powell, mesmo que ele não tenha descartado novas elevações nos juros. A Oanda viu a moeda se enfraquecendo diante da sinalização do BC americano de "paciência" com as altas futuras, e disse apostar em apenas mais uma alta, em novembro. Já o euro e a libra eram apoiados pelos sinais de mais aperto do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), acrescentou a Oanda, em comentário a clientes.

Para o ING, o Fed não tem margem para relaxar sua postura agora. Uma sinalização dovish pesaria de modo "significativo" no dólar e nos juros dos Treasuries, o que relaxaria as condições financeiras, avalia o banco. O ING acredita que os dados podem fazer o Fed em setembro adotar nova "pausa", sem mexer nos juros, e acrescenta que a decisão de hoje pode ter significado o pico do ciclo de aperto.

O ING ainda considera que o quadro atual deve manter o iene sob pressão, a menos que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) traga surpresas em sua decisão nesta semana. O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, porém, afirmou que o BC deve manter política acomodatícia para empresas, em reunião do governo, segundo reportado pela agência <i>Reuters</i>.

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