O dólar caiu em geral hoje, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos trazer alguns números abaixo do esperado pelo mercado, o que poderia abrir espaço para postura menos hawkish do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Além disso, investidores monitoraram a ata do Fed e também declarações de dirigentes do BC dos EUA e de outras autoridades monetárias.
No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 133,21 ienes, o euro subia a US$ US$ 1,0988 e a libra tinha alta a US$ 1,2480. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,69%, a 101,502 pontos.
O CPI dos EUA subiu 0,1% em março ante fevereiro, após ajustes sazonais, abaixo da mediana dos analistas consultados pelo <b>Projeções Broadcast</b>, de alta de 0,2%. O núcleo avançou 0,4% no mês, como esperado. Na leitura anual, houve alta de 5,0% do índice cheio, quando analistas projetavam avanço de 5,2%, enquanto no caso do núcleo da alta anual foi de 5,6%, em linha com o esperado.
O dado dos EUA pressionou o dólar, diante dos potenciais impactos na política monetária. Vários analistas, porém, como Credit Suisse, Capital Economics e Oxford Economics, apontavam que o dado não mudava o quadro para uma provável alta de 25 pontos-base nos juros pelo Fed na próxima reunião, de maio. No monitoramento do CME Grupo, houve oscilação, mas a chance de uma alta nesse nível citado continuava a ser majoritária.
Entre dirigentes, Mary Daly, presidente da distrital de São Francisco do Fed, comentou que leituras altas da inflação sugerem que "ainda há trabalho a fazer" no aperto monetário. Para Thomas Barkin (Richmond), houve progressos, mas continua a existir um "longo caminho" até a inflação retornar à meta de 2%. Já o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, disse não acreditar que ocorre uma crise sistêmica no setor bancário, enquanto entre os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) Robert Holzmann defendeu mais altas para conter a inflação.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), por sua vez, revisou em baixa sua projeção para o crescimento global neste ano, de 2,2% a 2,1%. A entidade considerou que os reguladores têm meios de lidar com tensões bancárias, mas notou que há desequilíbrios no setor financeiro.
Em relação às moedas emergentes, o <i>Financial Times</i> destacou o fato de que a parcela do yuan no financiamento do comércio dobrou desde o início da guerra na Ucrânia, segundo dados da Swift, plataforma internacional de pagamentos e financiamentos. Segundo o jornal, o custo crescente do dólar tem tornado a divisa chinesa mais atraente. O FT pondera, porém, que ainda assim o yuan represetaria agora 4,5% do total desse mercado, com o euro sendo 6% e o dólar, 84,3%.