Estadão

Moedas Globais: dólar avança ante rivais, de olho em diferencial de juros

O dólar avançou hoje ante rivais fortes, com investidores alinhando expectativas de diferencial de juros entre Estados Unidos e Europa, após dados macroeconômicos. A moeda americana também avançou sobre boa parte das divisas emergentes, em especial, sobre os pesos do México, Argentina, Chile e Colômbia, em meio a dados e notícias locais.

Por volta das 17h (de Brasília), a libra recuava a US$ 1,2834, enquanto o mercado debate se o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevará os juros em 25 ou 50 pontos-base (pb) nesta quinta-feira, avalia o Rabobank. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, tinha alta de 0,23%, aos 101,855 pontos. Na variação mensal, o DXY caiu 1,03%.

Pela manhã, o dólar chegou a perder fôlego contra rivais fortes, seguindo avanço menor do que o esperado no PMI industrial dos Estados Unidos e falas dos dirigentes do Federal Reserve (Fed), Neel Kashkari (Minneapolis) e Austan Goolsbee (Chicago), defendendo estratégia dependente de dados nas próximas reuniões monetárias.

Contudo, a moeda americana se recuperou ao longo da tarde, à medida que investidores digeriam os dados e ponderavam sobre diferencial de juros em relação a Europa, pressionando o euro a renovar sucessivamente mínimas intraday. Em entrevista ao Le Figaro, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou ontem que a instituição precisa avaliar a situação econômica do bloco a cada reunião e que uma eventual pausa no aperto monetário poderá não ser definitiva. No horário citado, o euro tinha queda a US$ 1,0997.

Em relatório, Convera analisa que a moeda europeia enfraqueceu, perdeu o nível de US$ 1,12 conquistado ao longo deste mês e esteve "presa" no nível de US$ 1,10 nos últimos pregões, devido ao peso de dados continuamente fracos da economia na zona do euro. Hoje, leituras preliminares do Eurostat informaram avanço do Produto Interno Bruto (PIB) europeu no segundo trimestre e inflação ao consumidor (CPI, em inglês) em julho, ambos acima do previsto pelo mercado. Contudo, a Capital Economics analisa que o crescimento da atividade foi superficial e que a zona do euro deve voltar a enfrentar uma nova recessão nos próximos trimestres.

A Capital também observa que o dólar continua praticamente inalterado no acumulado do ano até agora e projeta que a moeda americana deve entrar em rali no segundo semestre deste ano, assim como o iene, quando as "recessões amplamente antecipadas finalmente aumentarem a demanda por ativos seguros". A consultoria acrescenta ainda que "apesar do surpreendente enfraquecimento" da moeda japonesa após a flexibilização de política monetária do Banco do Japão (BoJ, em inglês), o iene deve eventualmente se beneficiar da decisão. No horário citado, o dólar avançava a 142,27 ienes.

Entre emergentes, o dólar subia a 16,7619 pesos mexicanos, recuperando força depois de ser pontualmente abalado pelo crescimento acima do previsto do PIB mexicano. A moeda americana também teve forte avanço sobre a divisa chilena, seguindo decisão do BC do Chile de cortar os juros em 1 ponto porcentual na última sexta-feira. No horário citado, o dólar subia a 839,00 pesos chilenos, de 843,42 na máxima intraday e 829,53 na sessão anterior.

Na Argentina, a moeda local conseguiu algum alívio contra o dólar, após o ministro da Economia, Sergio Massa, informar que o país efetuará o pagamento da parcela ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que vence hoje sem usar as escassas reservas nacionais de dólares. No horário citado, o dólar blue recua 1 peso argentinos e é vendido a 550 pesos argentinos, depois de fortes ganhos recentes, segundo o jornal <i>Ámbito Financeiro</i>.

O dólar também subia a 3.920,50 pesos colombianos, de 3.918,00 na sessão anterior, seguindo decisão unânime do Banco Central da Colômbia de manter as taxas de juros em 13,25%. Em coletiva de imprensa, o presidente do BC colombiano, Leonardo Villar, afirmou que os dirigentes discutem cortes de juros em todas as reuniões monetárias e devem voltar a fazê-lo em setembro, mas reforçou que a decisão final continuará visando atingir a redução de preços no país.

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