O dólar se valorizou hoje, em um contexto de renovada cautela com as tensões geopolíticas no Oriente Médio. Diante de relatos de potencial ataque do Irã em solo israelense em breve, em retaliação após ataque que matou oficiais iranianos na Síria, houve busca por segurança nos mercados em geral. Além disso, investidores monitoravam indicadores e declarações de dirigentes de grandes bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o Banco Central Europeu (BCE).
No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 153,24 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0643 e a libra caía a US$ 1,2451. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,72%, a 106,038 pontos, com ganho semanal de 1,67%.
Alguns meios internacionais publicaram reportagens, a partir de fontes em Israel e nos EUA, mas também em alguns casos do Irã, de que Teerã poderia atacar em solo israelense, eventualmente ainda nesta sexta-feira. Embora não houvesse garantias de que isso ocorresse, havia cautela nos mercados em geral, inclusive no cambial. Houve relatos de dois drones iranianos explosivos interceptados por Israel, nesse contexto.
A cautela favorecia o dólar e o iene. No caso da moeda japonesa, havia também recuperação modesta, após ela ter batido mais cedo mínimas em 34 anos, o que segundo o BBH tornava uma intervenção cambial algo que podia ocorrer a qualquer momento. Para a Oxford Economics, o iene tende a seguir fraco, enquanto o Bank of America (BofA) também mencionava a chance de intervenção cambial em breve por Tóquio.
Na agenda de indicadores, no Reino Unido a produção industrial cresceu 0,1% em fevereiro ante janeiro, quando analistas ouvidos pela <i>FactSet</i> previam estabilidade. O PIB mensal do país avançou também 0,1%, o que para a Capital Economics era sinal de que a recessão local acabou. Já na Alemanha, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 2,2% em março, na comparação anual, desacelerando após a alta de 2,5% de fevereiro. Nos EUA, o sentimento econômico medido pela Universidade de Michigan caiu de 79,4 em março a 77,9 na preliminar de abril, quando analistas previam 79,7. A pesquisa de Michigan ainda mostrou alta nas expectativas de inflação no país, para 12 meses (de 2,9% em março a 3,1% em abril) e para 5 anos (de 2,8% a 3,0%).
Entre dirigentes, Martins Kazaks e Madis Müller comentaram sobre a chance de um corte nos juros se materializar em junho pelo BCE. Já do lado do Fed, Jeffrey Schmid, presidente da distrital de Kansas City, recomendou paciência ao BC americano, em quadro ainda incerto na trajetória inflacionária. Susan Collins (Boston) falou em dois cortes de juros neste ano, enquanto no monitoramento do CME Group voltava a ser majoritária a chance de redução nas taxas até julho pelo Fed.
Na região, o dólar avançava a 866,8405 pesos argentinos. A inflação ao consumidor na Argentina subiu 11,0% em março, na comparação com fevereiro, com alta de 287,9% na comparação anual. A leitura mensal desacelerou pelo terceiro mês seguido, mas a anual foi a mais elevada em 33 anos, na leitura oficial.