Estadão

Moedas globais: dólar sobe, com foco em Fed duro contra inflação; iene e euro são pressionados

O dólar chegou a cair logo cedo, mas terminou com ganhos em frente a uma cesta de outras divisas fortes. Nesse quadro, o iene chegou a atingir mínimas desde outubro de 2022, enquanto o euro bateu menor nível em seis meses, com a postura rígida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para conter a inflação em foco, mas também indicadores sob avaliação.

No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 149,04 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0569 e a libra recuava a US$ 1,2159. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,22%, a 106,231 pontos.

Na Europa, o euro esteve sob pressão, com mínima em seis meses ante o dólar mesmo com a postura do Banco Central Europeu (BCE) de reforçar que fará o necessário para atingir sua meta de inflação. Entre dirigentes, Gediminas Simkus disse que a atual política deve levar a inflação à meta em 2025. Madis Muller, por sua vez, disse não esperar mais aumentos nos juros.

Já o iene atingiu mínimas desde outubro de 2022. O BBH comenta que a moeda japonesa ainda é pressionada pela postura dovish do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), que manteve os juros na semana passada e reafirmou postura acomodatícia. O BBH ainda comenta, porém, que temores de intervenção no mercado cambial podem conter o movimento.

Nos EUA, entre dirigentes do Fed, Neel Kashkari (Minneapolis) projetou "um pouco mais" de elevação dos juros e que eles sejam mantidos em níveis altos por mais tempo. Entre potenciais choques como riscos, a paralisação do governo (shutdown), a greve no setor de automóveis e a desaceleração da China foram citados por Kashkari.

Sobre o eventual shutdown, em meio às dificuldades sobre o tema entre governo e a Câmara dos Representantes, o Wells Fargo comenta que o problema poderia começar em 1º de outubro, o que poderia ter impacto negativo para o dólar, embora ele "deva ser modesto e de vida curta". A história recente sugere que o DXY poderia cair entre 1,0% e 1,5%, "nas várias semanas seguintes ao início de um shutdown", mas três meses depois a moeda já teria se recuperado, sem impacto duradouro no câmbio. O Wells Fargo acredita que o padrão se manteria, e diz que não faria mudança significativa em suas projeções de mais longo prazo para o dólar caso a paralisação do governo se concretize.

Entre moedas emergentes, o dólar avançava a 350,1825 pesos argentinos. Com foco na campanha eleitoral, continua o debate na Argentina sobre os planos do candidato Javier Milei para uma eventual dolarização da economia, mas analistas em geral mostram ceticismo sobre o tema (leia reportagem publicada às 11h15).

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