O dólar registrou baixa hoje, com impulso limitado. A moeda reduziu perdas em meio a indicadores dos Estados Unidos, com investidores também monitorando as difíceis negociações entre a Casa Branca e oposição para tentar evitar a paralisação uma paralisação (shutdown) do governo americano. Além disso, o iene chegou a ser apoiado por sinalização do governo do Japão de que pode atuar para apoiar a divisa.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 149,43 ienes, o euro avançava a US$ 1,0573 e a libra tinha alta a US$ 1,2207, esta perto da estabilidade. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrava baixa de 0,04%, a 106,185 pontos. No mês, houve ganho de 2,48%, enquanto no trimestre o DXY avançou 3,17%.
Mais cedo, o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, afirmou que agirá contra eventuais quedas do iene, no momento em que a moeda opera nas mínimas em quase um ano. A postura do governo deu algum apoio à moeda.
Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 4,3% em setembro, na comparação anual, em desaceleração após o ganho de 5,2% visto em agosto. A preliminar veio bem abaixo da previsão de avanço de 4,8% dos analistas ouvidos pela <i>FactSet</i>, e após o dado o euro reduziu ganhos. No Reino Unido, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% no segundo trimestre ante o primeiro, como esperado. A Capital Economics considerou que a economia do país desacelerará adiante, conforme faz efeito o aperto monetário do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) para conter a inflação.
Nos EUA, o dólar reduziu perdas após a Universidade de Michigan informar que o índice de sentimento do consumidor do país recuou de 69,5 em agosto a 68,1 em setembro, na leitura final, quando analistas previam 67,7. Houve também queda nas expectativas de inflação na pesquisa.
Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,4% em agosto ante julho, um pouco abaixo do que a alta de 0,5% prevista. O dado reforçou um pouco a expectativa de manutenção dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no atual ciclo, no monitoramento do CME Group. No fim da tarde, subia a 85,8% a chance de manutenção dos juros em 1º de novembro, de 80,7% ontem.
As complexas negociações políticas em Washington também eram foco importante. Nesta tarde, a Câmara dos Representantes rejeitou uma proposta orçamentária republicana que evitaria a paralisação do governo, que pode ocorrer a partir deste domingo. Há nova votação sobre o tema marcada para amanhã. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, veio a público para alertar sobre riscos econômicos com a eventual paralisação.
A Oxford Economics diz que o impacto na economia de um shutdown seria "relativamente pequeno", mas adverte que obviamente esse peso aumentaria caso o quadro se prolongue. A consultoria ainda lembra que isso deveria atrapalhar a divulgação de alguns indicadores, o que tornaria mais desafiador o trabalho do Fed, que tem insistido que reagirá conforme os dados.
Hoje, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que os juros estão no pico "ou perto dele", sem se comprometer, e defendeu que a postura dura seja mantida por um tempo, a fim de garantir retorno da inflação à meta de 2%. Para o ING, o Fed não deve mais elevar os juros neste ciclo, mas eles podem ficar em níveis restritivos por mais tempo, com dados mostrando que o consumo ainda resiste.
Ante moedas emergentes, o dólar avançava a 350,1457 pesos argentinos. No mercado paralelo, o chamado dólar blue superou a histórica marca de 800 pesos, em quadro ainda de incerteza, antes do primeiro turno eleitoral no próximo mês, com a dolarização como tema, trazido pelo candidato Javier Milei.