Opinião

Momento é oportuno para promover a Reforma Política


Entre as muitas reformas que o Brasil precisa passar, a política é – talvez – aquela mais possível de ser efetivada neste momento. Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Roussef se comprometeu com o tema. Já no cargo, reafirmou o compromisso na Mensagem ao Congresso. O presidente do Senado, José Sarney, ratificou que se esforçaria em realizá-la em  sua última passagem pelo Legislativo.


Fora isso, existe o aval das principais lideranças tanto do Senado como da Câmara Federal, além do respaldo entre formadores de opinião e personalidades da sociedade civil. A agenda política não está congestionada com outros temas institucionais.  Ou seja, o momento conspira em favor da tão sonhada, desejada e necessária reforma política.


Entre a população, que – via de regra – não entende muito sobre o tema, também existe apoio. Isso se dá, principalmente, pelo fato de o senso comum apontar para a necessidade de se mudar as regras do jogo político. O cidadão comum tende a ver a reforma como algo que vai protegê-lo do “mau político”, disciplinado-o, limitando sua liberdade e estabelecendo punições efetivas para quem agir de maneira incorreta. Acredita-se que reforma ajudará a acabar com a corrupção e a bandalheira.


Porém, há muitas questões que precisam ser melhores aprofundadas. Como intereferem diretamente em interesses de determinados grupos políticos, merece ser muito bem analisadas, para que as mudanças não ocorram a partir da formação de lobbies ou mesmo representem perdas sobre velhas conquistas democráticas. 


Financiamento público de campanhas, voto em lista nas eleições proporcionais, fim da reeleição são temas que agradam determinados políticos e especialistas. Porém, acabam rejeitadas por muita gente, que acaba tendo opinião formada a partir de alguns paradignas, para muitos, considerados “imexíveis”. 


Muitas lideranças abominam a ideia do Tesouro pagar as campanhas, por entenderem que issonão impediria o financiamento privado. Ou seja, manteria as distorções nas campanhas eleitorais, com o agravante de se gastar dinheiro público em favor dos políticos. 


O voto em lista também parece ser um tema que jamais haverá consenso. Se levado ao pé da letra, leva ao risco  de  cristaliz cúpulas partidárias sem dar chances a políticos de menor expressão. Porém, acabaria com a eleição de candidatos pouco votados, que acabam puxados justamente por alguns fenômenos eleitorais.


Lógico que a aprovação da reforma política enfrentará dificuldades, mas precisa ser realizada. É evidente ser possível melhorar em muito o modo de fazer política no Brasil. Porém, torna-se fundamental que os belos discursos de Dilma e Sarney, por enquanto sempre afinados, passem rapidamente à prática.


Que seja estabelecida uma pauta de discussão e definido um calendário para que o Congresso aja de forma coesa e democrática. Caso não se aproveite o momento que é propício, corre-se o risco do tema ser – de novo – empurrado com a barriga até uma nova campanha eleitoral.


 

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