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Monografia de conclusão já é pedida no ensino médio

Eles nem chegaram à universidade, mas já enfrentam a ansiedade das monografias de fim de curso. Escolas particulares de São Paulo transformaram esses trabalhos acadêmicos, com investigação e escrita mais científicas, em atividades obrigatórias. É uma experiência diferente e autoral de aprendizado.

A construção dos trabalhos segue o rigor da academia: recorte do tema de pesquisa, busca de referências bibliográficas e escrita nos parâmetros da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os alunos também precisam passar por bancas, muitas vezes com arguições e convidados de fora da escola, entre pais e especialistas da área pesquisada.

Laís Barreto, de 17 anos, ensaiou bastante para a apresentação do seu trabalho de conclusão de curso neste mês. A aluna do 3.º ano do ensino médio do Colégio Equipe, em Higienópolis, na zona central da cidade, fez ao longo deste ano uma monografia sobre arquitetura ecológica.

Para ela, um dos principais desafios foi a busca de bibliografia. “Pesquisei muito na internet e é difícil encontrar informações sobre cada tema. Também usei livros técnicos”, conta ela, que ainda entrevistou profissionais da área para o trabalho.

E o percurso exigiu sacrifícios. “Houve noites em que ficava até de madrugada fazendo a monografia”, afirma. A experiência ajudou na escolha profissional: Laís tomou gosto pela área e tentará ingressar em Arquitetura neste ano.

De acordo com Luciana Fevorini, diretora do Equipe, a ideia das monografias é permitir que os estudantes do 3.º ano tenham bom domínio de teorias e conceitos. Outra vantagem, segundo ela, é que os assuntos das monografias são escolhidos pelos próprios jovens, o que estimula a dedicação à pesquisa.

Disciplina

No Colégio Oswald de Andrade, no Alto da Lapa, zona oeste da capital, as monografias são feitas no 2.º ano do ensino médio. Laura Brito, de 16 anos, decidiu se aventurar na pesquisa sobre psicopatas e serial killers. “Eu queria entender como funciona a mente dessas pessoas”, explica.

Na escola, eles podem escolher um recorte de pesquisa dentro de seis grandes temas, como questões ambientais, tecnologia moderna ou psicologia social. Outra proposta das monografias é ajudar os adolescentes a terem foco e organizarem uma rotina de estudos. “Está me ajudando a ter concentração”, diz a aluna.

Laura Nassar, uma das coordenadoras do Oswald de Andrade, explica que os professores são orientados a respeitar o nível de maturidade de cada aluno. “Ele deve tomar cuidado para não ir além do que pode. Em geral, são discutidos até cinco ou seis textos acadêmicos para cada projeto”, destaca. A opção pela monografia no 2.º ano, de acordo com o colégio, é para não atrapalhar a conclusão do ensino médio e o preparo para o vestibular.

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