No pior semestre desde 2007, a indústria automobilística brasileira vendeu 1,318 milhão de veículos novos, 20,6% a menos no comparativo com a primeira metade de 2014. A diferença entre os dois períodos supera o equivalente a mais de um mês de vendas, ou 344,2 mil unidades.
Junho também teve seu pior resultado para o mês em oito anos, com 212,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus vendidos. O número é quase igual ao de maio, mas o mês passado teve um dia útil a mais. Em relação a junho do ano passado, a queda é de 19,4%, segundo dados preliminares do mercado.
Números oficiais serão divulgados nesta quinta-feira, 2, pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Sem ver sinais de recuperação no mercado, as montadoras seguem adotando medidas de corte de produção, também na tentativa de reduzir estoques, que continuam elevados.
Hoje, há cerca de 35,8 mil trabalhadores em férias coletivas, licença ou lay-off (suspensão dos contratos de trabalho), o equivalente a 25% de toda a mão de obra das montadoras. Nesse grupo estão os 8 mil trabalhadores da produção da Volkswagen, que foram dispensados hoje e amanhã. A empresa também colocará em lay-off 2.357 funcionários a partir de segunda feira, por cinco meses.
“Não enxergamos nenhuma luz que esteja piscando para melhorar as perspectivas do mercado. Cada vez piora mais”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva. Ele negocia com a General Motors o retorno, previsto para dia 13, de 819 trabalhadores que estão em lay-off há mais de cinco meses.
Greve
De janeiro a maio as fabricantes já demitiram 6,3 mil trabalhadores e empregava, até aquela data, 138,2 mil pessoas. Os cortes, porém, continuam. A Mitsubishi pretende fechar 400 vagas, ou 15% de seu efetivo na fábrica de Catalão (GO), onde produz os modelos Lancer, ASX, L200 e Pajero, além do Jimny, da Suzuki.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local, a empresa já teria dispensado 180 trabalhadores (alguns por meio de um programa de demissão voluntária), o que motivou uma greve por tempo indeterminado iniciada ontem. Toda a produção da fábrica está parada.
Outros segmentos da cadeia automotiva também estão dispensando funcionários. As fabricantes de autopeças demitiram 7,4 mil trabalhadores e as revendas, 12 mil, ambos até abril.
Fatia
As quatro maiores montadoras brasileiras (Fiat, GM, Volkswagen e Ford) encerraram o primeiro semestre com 60,7% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves, que somaram 1,272 milhão de unidades. No ano passado inteiro essa fatia era de 64,8%. Enquanto marcas com produção de grandes volumes enfrentam mais dificuldades em decorrência da crise, empresas de menor porte como Honda e Toyota estão ampliando presença no País.
A Fiat, líder do mercado, detinha 21,6% das vendas no primeiro semestre de 2014, participação que caiu para 18,6% neste ano. A GM viu sua fatia encolher de 17,64% para 16% e a Volkswagen de 17,61% para 15,5%. Já a Ford conseguiu ampliar participação de 9% para 10,6%.
Também ampliaram fatias de forma mais significativa a Hyundai (de 6,89% para 7,9%), a Toyota (de 5,3% para 6,8%), a Honda (de 3,89% para 5,8%) e a Nissan (de 1,96% para 2,4%).
Os modelos mais vendidos na primeira metade do ano foram Fiat Palio (62,7 mil unidades), Chevrolet Onix hatch (55,8 mil), Fiat Strada (54,5 mil), Hyundai HB20 (51,3 mil), Ford Ka (45,9 mil), Volkswagen Gol (44,9 mil), Fiat Uno (43,8 mil) e Volkswagen Fox (43 mil). (Colaborou Igor Gadelha) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.