Economia

Monteiro diz que não foi aos EUA falar da Lava Jato

Se depender do ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, a Operação Lava Jato e as investigações de corrupção no Brasil estarão fora de sua agenda nos Estados Unidos: “Não vim aqui para falar disso”, declarou no sábado à noite em Nova York, poucas horas depois de chegar à cidade com a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, um dos objetivos da visita é transmitir uma mensagem de confiança no Brasil aos investidores internacionais.

Amanhã a presidente tem duas reuniões em seu hotel com representantes de grandes empresas norte-americanas – uma com o setor produtivo e outra com o mercado financeiro. Entre os interlocutores estarão o ex-secretário do Tesouro norte-americano Tim Geithner, o conselheiro do Citigroup, William Rhodes, e Larry Flink, da Blackrock, a maior gestora de recursos financeiros do mundo. Dilma também se encontrará com o ex-secretário de Estado Henry Kissinger.

Em outro hotel, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, comandará um seminário sobre oportunidade de investimentos no programa de concessões brasileiro.
Segundo Monteiro, apesar das dificuldades “conjunturais”, as perspectivas do Brasil são positivas. O ministro ressaltou que a recente desvalorização do real aumentou a atratividade dos investimentos no país, ao reduzir os custos em dólares. “Os ativos no Brasil estão baratos e os projetos, também”.

Mesmo as investigações de corrupção podem ser apresentadas como um aspecto positivo, defendeu Monteiro. “O importante é que há um ambiente institucional maduro, em que as instituições funcionam e os Poderes são independentes.”

A área comercial será uma das mais importantes da visita de Dilma, que se encontrará com o presidente Barack Obama na segunda e na terça-feira. Os dois presidentes devem anunciar a intenção de dobrar o comércio bilateral em dez anos. “É uma meta razoável e desafiadora”, disse Monteiro, ressaltando o fato de que a maior parte das exportações para os EUA são de bens manufaturados, e não commodities.

Para isso, devem ser acordadas medidas de facilitação do fluxo de bens entre os dois países, que somou US$ 62 bilhões no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento. O valor representa pouco mais de 10% do comércio dos Estados Unidos com a China, que atingiu US$ 590 bilhões em 2014. O fluxo com o México somou US$ 534 bilhões no mesmo período. As exportações brasileiras representam apenas 1,4% das compras totais dos Estados Unidos.

De concreto, devem ser anunciados acordos de harmonização de padrões nos setores de máquinas e equipamentos, têxteis e luminárias, que podem facilitar as vendas entre os países. Haverá ainda avanços na integração de portais únicos, que permitem aos exportadores resolver todos os problemas burocráticos em um único “guichê”, sem necessidade de interação com diferentes agências.

Dilma desembarcou em Nova York na noite de sábado sob o impacto da revelação da delação premiada do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. O empreiteiro disse ter feito contribuições de maneira ilegal à sua campanha de reeleição. Na chegada em seu hotel, a presidente ignorou uma pergunta da imprensa sobre o assunto e se limitou a dizer que tinha uma expectativa “muito boa” para os encontros com Obama.

Entre os anúncios que o Brasil gostaria de ver está a abertura do mercado norte-americano para as exportações nacionais de carne in natura. Ressaltando que isso está na esfera da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, Monteiro disse que o governo tem uma “expectativa muito positiva” nessa área.

Posso ajudar?