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Moradores criam mapa do complexo de favelas Manguinhos

O Complexo de favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio, está sendo mapeado pelos próprios moradores. Colaborativo e online, o Mapa Participativo de Manguinhos permite a indicação de equipamentos urbanos, como escolas e locais de cultura e lazer; estabelecimentos comerciais e diagnósticos sobre as condições urbanas das favelas, desde locais sem água e luz até construções em áreas de risco.

Criado pelo Conselho Comunitário de Manguinhos, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Pereira Passos (IPP), o mapa foi lançado no dia 19 de agosto e já possui 31 pontos no complexo entre restaurantes, igrejas, quadras esportivas e associações de moradores. A experiência em Manguinhos servirá como projeto-piloto para que, em breve, seja estendido para toda a cidade.

“A ideia é que os próprios cidadãos possam inserir informações que poderão ser usadas na gestão de políticas públicas da cidade”, explicou o diretor da Diretoria de Informações da Cidade do IPP, Luiz Roberto Arueira. “Não há mediação direta. Essa é uma ferramenta que construímos para que o cidadão se aproprie e acrescente os pontos que achar importante em todo o território”.

A ideia de criar o Mapa Participativo nasceu em 2011 com a criação do Conselho Comunitário, dois anos antes da instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A intenção era mapear todo o território para que os próprios moradores conhecessem o local onde moram e valorizassem ações e programas endógenos.

Com a ajuda da Fiocruz, que já havia mapeado os equipamentos urbanos locais no início da década de 2000, concluíram que a melhor metodologia para construção do mapa seria colaborativa e participativa, ou seja, cada pessoa teria liberdade para incluir os pontos que quisesse, de forma que ficassem disponíveis para todos os usuários.

“Já tínhamos um guia cultural de Manguinhos, mas queríamos georreferenciar as informações de forma que pudessem ser sempre atualizadas”, contou o secretário-administrativo do Conselho Comunitário de Manguinhos, Jorge Luis Silva. Neste ponto entrou o IPP, que pela experiência com a cartografia carioca, ficou responsável pela construção da plataforma de inclusão dos pontos de interesse.

“O Mapa Participativo ajuda a ressignificar o território com conotações positivas, não associadas à violência, pelo olhar de quem vive a realidade. Isso muda o paradigma de construção da informação da cidade”, disse Silva.

Para o coordenador da Cooperação Social da Fiocruz, Leonídio Madureira, “a produção de informação em favelas é estratégica na luta contra a opressão e o autoritarismo”. “Mesmo com a UPP a relação de poder não deixou de existir no território. (Agora buscamos) produzir informação num contexto em que a efetiva liberdade de expressão e a garantia de diretos ainda não são claras e garantidas”.

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