A sessão do Legislativo desta terça-feira foi marcada pela presença dos moradores da comunidade da Hatsuta que cobraram uma posição dos parlamentares sobre a atual situação das famílias que estão abrigadas no ginásio Thomeozão, no Bom Clima, desde o trágico incêndio que atingiu a área no último dia 28 de fevereiro.
Segundo Gilvan Laércio da Silva, líder comunitário, a Hatsuta está esquecida pela administração pública. "A cidade desconhece que existimos, somos ignorados e temos os nossos direitos violentados todos os dias. Estamos aqui hoje para solicitar o apoio dos vereadores, para que juntos possamos construir uma solução viável para todos os lados", afirmou o Silva. Vários vereadores demonstraram adesão a causa dos cerca de 100 moradores presentes no Plenário, que representavam as mais de 500 famílias que moram no lugar. Para o vereador Novinho Brasil (PTN) a situação vivida pela Hatsuta é uma tragédia anunciada. "Infelizmente aguardam acontecer essas coisas para depois começar a pensar em alguma providência. Não era necessário prever que isso iria acontecer porque é fato", ressaltou.
Já a vereadora Luiza Cordeiro (PC do B) questionou a situação precária que os moradores estão vivendo provisoriamente no ginásio. "É preciso lembrar que o fato de sermos da base não nos faz ficar de boca fechada diante dessas situações, ao contrário, por apoiarmos o governo municipal precisamos ser mais sensíveis. Nós não vamos nos calar diante dessa situação", afirmou a vereadora.
Segundo o vereador Índio de Cumbica (DEM) falta vontade política para resolver o problema. "Se vocês não tiverem cuidado a Prefeitura não vai fazer nada. Há uma falta de vontade do governo municipal, porque dinheiro tem e é fácil encontrar a solução, mas é preciso ter vontade", enfatizou.
Famílias querem voltar para casa e não ficar em abrigos
Mesmo com a decisão judicial liminar, obtida pela Defensoria Pública de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira, que obriga o município a manter abrigados no Thomeozão as 54 famílias vítimas do incêndio, os moradores
"O que nós queremos é voltar para as nossas casas que é o nosso direito. Tivemos que recorrer ao Ministério Público para ter essa liminar e conseguir manter os nossos direitos. Contudo, até agora nenhuma solução foi apresentada", ressaltou Silva.
Com a decisão liminar, concedida pela Juíza Bárbara Syuffi Montes, o Município fica impedido de remover as pessoas do local até a apresentação de proposta de atendimento habitacional.