Mais de 50 associações de bairro do centro e da zona oeste de São Paulo lotaram a última audiência pública realizada na noite desta quarta-feira, 2, na Câmara Municipal antes da votação do projeto que revisa o zoneamento de São Paulo para pedir mudanças no texto.
A maioria reivindicou a definição de todos os usos que serão permitidos nas chamadas Zonas Corredor (ZCORs) e mudanças nos perímetros das Zonas de Estruturação Urbana (ZEUs), a fim de evitar a construção de espigões residenciais em vias sem infraestrutura para receber uma verticalização intensa.
Conselheiro da Ame Jardins, Gustavo Jobim solicitou a divulgação com transparência dos tipos de atividades que serão permitidas nas ZCORs. Isso porque alguns corredores comerciais são lindeiros às vias dos Jardins, que são estritamente residenciais. Moradores do bairro também são contrários à criação de mais corredores comerciais na região. “O que precisamos é revitalizar os corredores existentes, como a Avenida Rebouças”, afirmou.
A Ame Jardins cogita ir à Justiça caso os pedidos não sejam atendidos. Por enquanto, não há compromisso do governo em rever os pontos citados.
Para a urbanista Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo, não adianta fazer mais de 40 audiências públicas se a Câmara não atende aos pedidos da população. “Isso é uma farsa. Estamos cansados de participar de tantos eventos, produzir estudos técnicos que embasam nossos pedidos e não vê-los incorporados na lei”, reclama. Ela lamenta ainda a decisão do relator da lei, Paulo Frange (PTB), de ampliar a altura dos prédios de oito para 12 andares em 8% da cidade sem discussão com a sociedade.
Moradores da Vila Madalena e Sumarezinho insistiram na necessidade de reduzir a área passível de verticalização em ambos os bairros. O pedido não foi contemplado a contento no texto atual, afirmaram.
A exemplo da Ame Jardins, parte dos representantes do Alto de Pinheiros solicitou ao relator apresentar a lista das atividades que serão permitidas nas ZCORs na própria lei. “Isso não pode ser definido por decreto do prefeito, como está previsto”, disse Ignêz Barreto.
Frange rebateu as críticas e afirmou que tem buscado atender a todos. “Mas é claro que não dá para contemplar 100% das manifestações. Apesar disso, é essa a nossa intenção. Estamos trabalhando até tarde da noite, sábado, domingo. Não sei o porquê as reclamações”, disse.
O texto elaborado por Frange deve ser colocado na pauta de votação já na próxima semana. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) teme deixar o tema para 2016, ano eleitoral.