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Moradores de Itu fazem fila em bicas e poços por água

As aglomerações de pessoas em pontos estratégicos como praças, em Itu, no interior paulista, têm um motivo: a água. Moradores enfrentam filas e disputam vagas diante de torneiras ou mangueiras para encher garrafas, galões e até caixas dágua em bicas e em caixas oferecidas pela prefeitura da cidade.

Na Praça 14 Bis, que fica no bairro Jardim Aeroporto, ao menos 60 pessoas coletavam água em uma caixa dágua de 20 mil litros, na tarde de ontem. A caixa foi colocada na semana passada. A rotatividade era grande, e as mangueiras que saíam da caixa passavam de mão em mão, enquanto um caminhão-pipa mantinha o reservatório abastecido.

“Já levei 180 litros e vou pegar mais 180. Isso dá para quatro dias. É ouro líquido”, afirma o consultor Ezio Lino de Almeida, de 41 anos, que já chegou a comprar água por causa da crise. “Comprei 2 mil litros no sábado retrasado. Tive de encomendar e demorou cinco dias para chegar.” Ele diz que pagou R$ 200 e que comprou “de um sítio com poço artesiano”.

Sem água há 18 dias, o arquiteto Maurício Mendes, de 53 anos, levou 110 litros de água para casa ontem. “É um quebra-galho. Enquanto a caixa tem água, tem fila dia e noite. Estou gastando meu tempo de atividade profissional para ficar aqui.” Um aviso na caixa informa que o horário de funcionamento é das 7 às 22 horas.

A bica da Vila Santa Terezinha, também em Itu, é outro ponto de filas. Com dez torneiras, ela atende os moradores durante o dia e à noite. O comerciante José Joacir Costa, de 64 anos, saiu do Rio Grande do Norte em 1975 e, desde então, mora na cidade. Ele diz que nunca enfrentou uma seca semelhante à de Itu. “Lá (no Nordeste), sempre enfrentei seca, mas não como essa”, afirma. Costa, que é dono de uma padaria, diz que vai ao local três ou quatro vezes por semana e leva até uma caixa dágua para encher.

Com racionamento que já dura nove meses, Itu registrou protestos e até escolta para caminhão-pipa. A prefeitura informou, por meio da assessoria, que já há três caixas dágua em pontos importantes da cidade – duas com 20 mil litros e outra com 70 mil litros. Há ainda duas caixas de 6 mil litros cedidas pela Defesa Civil do Estado. A instalação de mais cinco caixas está prevista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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