Estadão

Moradores do leste ucraniano, alvo principal russo, começam a fugir

Se muitos na estação de Lviv estão voltando para casa, há também os que acabam de chegar, ainda fugindo da guerra. Do lado de fora da estação, barracas oferecem comida, auxílio médico e abrigo aos recém-chegados. Muitos vêm do leste da Ucrânia, onde os russos se concentraram recentemente, levando a pesados combates e à retirada de civis em massa.

Dasha, de 27 anos, deixou Kramatorsk, cerca de uma semana atrás, por causa da intensidade dos combates e ataques aéreos. Saiu um dia antes do bombardeio russo à estação de trem local. Mais de 50 morreram e muitos mais ficaram feridos. "Fiquei sabendo quando já estava no trem", disse Dasha, que leva o filho de 2 anos. "Poderia ter sido eu e minha família. Só espero que Deus nos proteja."

O jornal O Estado de S. Paulo também abordou uma família que chegava de Kherson, no sul da Ucrânia. A cidade está sob controle russo e a família teve de escapar pela linha de frente até chegar a uma área controlada por forças ucranianas. Há pouco alimento, preços altos e desaparecimento de civis.

<b>Rancor</b>

"Só espero que todos os soldados russos morram. Odeio os malditos", disse Andriy, de 36 anos, interrompido pela mãe que lhe pede para não xingar. "Não, eu não vou parar", respondeu Andriy. "Os soldados russos vieram ao meu país e nos atacaram. É normal que eu deseje para eles nada além de morte e destruição."

Ruslan, de 38 anos, está sentado do lado de fora da estação de Lviv com os quatro filhos e a mulher grávida, Lesya, à espera de um ônibus que os leve até a Alemanha. Eles vêm da região de Poltava, no leste da Ucrânia, e também decidiram fugir conforme os ataques aéreos se intensificaram.

"Ficamos sabendo das coisas horríveis que os soldados russos fizeram às pessoas nos arredores de Kiev. Meus filhos me pediram para fazer alguma coisa, e perguntaram se poderíamos ir embora", disse Ruslan. "Não tenho medo, mas temo por meus filhos. É por isso que estamos partindo."

Como todos os demais, eles têm parentes e amigos que ficaram para trás. Os pais de Ruslan se recusaram a fugir. A mãe lhe disse que passou a vida inteira na sua casa, e não a deixaria para trás agora. "Ela foi direta: foi aqui que vivi minha vida, e é aqui que morrerei", contou Ruslan. "Mas, para nós, é melhor partir agora do que esperar até não ser mais possível. É melhor partir agora antes que as crianças sofram demais. Já vimos um ataque perto. As janelas tremiam, dava para sentir. Por isso, tivemos de partir." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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