Cidades

Moradores entram com recurso contra reintegração de posse

Advogados das famílias entraram nesta semana com uma série de recursos que aguardam julgamento para revogar a decisão da reintegração de posse

Os advogados das 130 famílias que ocupam há 18 anos um terreno pertencente a uma antiga revendora Fiat na avenida Guarulhos, na Vila Esperança, correm contra o tempo para impedir o cumprimento do mandado de reintegração de posse programado para o próximo domingo. Caso não consigam reverter o quadro, cerca de 600 pessoas – segundo estimativas de líderes da comunidade – devem se tornar sem teto.

A defesa entrou nesta semana com uma série de recursos que aguardam julgamento para revogar a retirada das famílias. "Estamos tentando conseguir algo, mas por enquanto só podemos acalmar os moradores, pois a ordem judicial continua valendo", informou o advogado Yandara Pini.

Na noite de terça-feira, representantes da Polícia Militar estiveram reunidos com moradores. A discussão girou em torno da reintegração e garantia de um caminhão de mudança para retirada de móveis caso algum morador deseje se retirar antes. Um boletim com instruções sobre a retirada foi distribuído entre os moradores, informando que não caberia mais recurso sobre a decisão. O texto também dizia que, no dia da reintegração, só haverá tempo para retirada de eletrodomésticos e móveis, alertando sobre a demolição de todas as casas de alvenaria.

"Fizemos a reunião para acelerar o processo de remoção, mas os moradores ainda acreditam na possibilidade de permanência. A PM só estará lá para garantir o cumprimento da ordem. Seguiremos a instruções do oficial de Justiça e, primeiramente, vamos solicitar que os moradores se retirem. Se isso não for obedecido, será necessário o uso de força", comentou o tenente-coronel Paulo Roberto de Oliveira, comandante do 15° Batalhão da PM. Ele afirmou que cerca de 200 homens devem participar da operação, prevista para começar às 6h de domingo.

Resistência – A ajudante geral Carla Oliveira, 27 anos, é uma das que devem resistir até o último momento. "Não tenho para onde ir. Vou me trancar em casa e, se forem demolir, vão ter que fazer comigo dentro". Ela mora há 14 anos na área e diz que integrantes do Movimento Nacional de Luta por Moradia demonstram solidariedade em relação à comunidade da Vila Esperança, prometendo apoio para a permanência das famílias. "Estamos tentando pelos dois lados: o político e o judicial".

No mês passado, o advogado Carlos Alberto Pinto, defensor dos moradores desde 1998, afirmou à reportagem do Guarulhos Hoje que a Prefeitura manifestou interesse em realocar os habitantes através do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Essa alternativa daria um prazo de 12 a 15 meses de permanência na área ocupada até que as moradias populares ficassem prontas.

A proposta agradou aos habitantes, mas o proprietário do terreno não manifestou interesse em comprar um terreno que suportasse a construção das novas casas.

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