A desapropriação do Novo Portugal para construção de uma pista de taxiamento do Aeroporto Internacional de Guarulhos deixou surpreendidos os moradores do bairro. O decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) foi publicado na segunda-feira, 27, no Diário Oficial da União. Não há prazo para a retirada das famílias.
A presidente autorizou a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a desapropriar as famílias amigavelmente ou judicialmente, podendo invocar urgência para agilizar o processo. Até a conclusão desta edição, a empresa não se pronunciou sobre o reassentamento das famílias e a construção da nova pista.
A auxiliar de departamento pessoal Helena Regina da Silva, 38 anos, diz que o Governo Federal poderia conversar primeiro com os moradores antes de decretar a desapropriação. "Definem uma ação sem comunicar os proprietários. Pagamos impostos e ficamos encurralados", afirma. O comerciante Severina Rosário, 50, conta que os comentários de retirada do bairro existem há três décadas. "Inseguro todos os moradores ficam, mas se acontecer não teremos outra alternativa", fala. O aposentado Valdecir da Cunha, 54, afirma que a Infraero esteve no bairro há seis meses para cadastrar os moradores, mas não informou os moradores sobre a desapropriação.
Segundo o deputado federal Carlos Roberto (PSDB), a retirada de 594 famílias demonstra falta de planejamento do Governo Federal por não criar um plano de moradia para os afetados. "Há menos de um mês, em audiência pública no Congresso, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, garantiu que não havia o menor risco de ocorrerem desapropriações na região do Aeroporto de Guarulhos. Agora, vem a presidente e acaba com as esperanças daqueles moradores permanecerem no local mesmo sem a construção da terceira pista", diz.
A Prefeitura de Guarulhos informa que acompanhará o processo para garantir que os direitos dos munícipes sejam respeitados, mas não explicou como fará isso. Os moradores que quiserem informações podem acionar a Superintendência Regional de São Paulo, em Congonhas, pelo telefone 5033-3782.