Ao autorizar a Polícia Federal (PF) a fazer buscas contra empresários bolsonaristas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ver indícios de uma "verdadeira organização criminosa" antidemocrática.
Moraes se baseou em uma representação da Polícia Federal, assinada pelo delegado Fábio Alvarez Shor, e em provas colhidas em outras investigações sobre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro também é relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, que fecharam o cerco contra aliados do Planalto. Um juiz instrutor que trabalha no gabinete de Moraes apontou "conexão probatória" entre as suspeitas que recaem sobre os empresários e as apurações que correm sob a relatoria do ministro.
Moraes deu sinal verde para a apreensão de celulares, quebra de sigilo bancário e telemático (de mensagem) e suspensão dos perfis dos empresários nas redes sociais. A decisão diz que as garantias individuais não poderiam ser usadas como um "verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas".
O ministro também manifestou preocupação com o potencial de financiamento de "atividades digitais ilícitas e incitação à prática de atos antidemocráticos" e defendeu uma "reação absolutamente proporcional do Estado" para "afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas".
"O poder de alcance das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas", escreveu.
A operação foi deflagrada na última terça-feira, 23, e fez buscas conta oito empresário: Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.
Os empresários fazem parte de um grupo de WhatsApp e conversaram abertamente sobre um golpe caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito. As mensagens foram reveladas pelo portal <i>Metrópoles</i>.