Estadão

Moro faz investida em reduto eleitoral do PSDB paulista

O pré-candidato do Podemos à Presidência, Sérgio Moro, intensificou as conversas com o PSDB do governador de São Paulo, João Doria, e vai investir em viagens pelo interior paulista no fim deste mês. O objetivo de Moro é afunilar o campo da terceira via na disputa ao Palácio do Planalto.

A ideia do grupo do ex-juiz da Lava Jato é convencer Doria, também presidenciável, a ser vice da chapa. Em conversas reservadas, interlocutores do governador dizem, porém, que ele não aceitará ocupar outra posição que não a de candidato ao Planalto. Até agora, Moro e Doria firmaram apenas um pacto de não agressão.

Pesquisa divulgada nesta quarta, 12, pela Genial/Quaest mostrou que, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria no primeiro turno. No primeiro levantamento do ano eleitoral, Lula aparece com 45% das preferências e o presidente Jair Bolsonaro vem em segundo, com 23%. Moro ocupa o terceiro lugar, com 9%; Ciro Gomes (PDT) tem 5% e Doria, 3%.

Aliados de Moro avaliam que a única forma de quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro é investir em uma dobradinha do Podemos com o PSDB. Moro e Doria combinaram de avaliar as pesquisas até maio.

Organizador das viagens e espécie de porta-voz da pré-campanha de Moro em São Paulo, o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) pretende fazer com que Doria acompanhe parte dos encontros do ex-juiz, que foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro.

Bozzella defende a união entre Moro e Doria. "Os dois estão habilitados para ser chefes da Nação. Agora, pode ser um em um primeiro momento e outro, no segundo momento. Até porque os dois defendem o fim da reeleição", afirmou.

Entre os dias 31 deste mês e 2 de fevereiro, o pré-candidato do Podemos vai a Ribeirão Preto, Barretos, São José do Rio Preto e Bebedouro. Bozzella, que já foi do PSDB, tenta agendar encontro entre Moro e o tucano Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão. Doria não decidiu se vai aceitar o convite para acompanhar a ida de Moro às cidades paulistas. A equipe do tucano fará uma reunião na segunda-feira, para discutir cenários eleitorais e o assunto deve ser avaliado.

<b>Convenções</b>

No domingo, 9, em entrevista ao Canal Livre, da Band, Doria afirmou que uma definição sobre candidaturas de terceira via deve ficar mais clara em junho, período próximo das convenções que definirão os candidatos a presidente.

"Haverá um juízo para se encontrar a melhor via. Em junho vamos ter essa concretude para que a terceira via possa ser expressada em um ou dois candidatos. Lembrando que Ciro Gomes (PDT) será candidato até o final", disse. Apesar do discurso, tanto o tucano quanto o ex-juiz descartam abrir mão da candidatura presidencial, mas a campanha de Doria trabalha com a possibilidade de Moro desistir da disputa.

O comando da pré-campanha do ex-juiz admite que não tem sido fácil atrair aliados no mundo político. Na avaliação de Bozzella, para chegar ao segundo turno o ex-ministro da Justiça terá de conquistar parcerias com partidos grandes. "Precisa ter mais estrutura, partido. Sozinhos, ele e o Podemos vão ter dificuldades. Se Doria for para um lado, o Moro for para outro e não tiver o União Brasil (fusão entre o DEM e o PSL) nessa equação, dificulta muito o enfrentamento", afirmou.

Em São Paulo, o presidenciável do Podemos tem sinalizado apoio à pré-candidatura de Arthur Do Val (Patriota) ao governo (mais informações nesta página). Um grupo de aliados do ex-juiz, porém, tenta negociar a abertura de palanque para o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é pré-candidato à sucessão de Doria. O União Brasil, por exemplo, já anunciou apoio a Garcia.

Em fevereiro, Moro viajará pelo Nordeste, região onde o PT, tradicionalmente, domina o eleitorado. Estão previstas agendas no Ceará e Piauí. O ex-ministro já visitou Pernambuco e Paraíba. Nos encontros, tem sido ciceroneado por ex-bolsonaristas, como o deputado Julian Lemos (PSL-PB).

No Sul e no Sudeste, Moro tem se aproximado de governadores. No fim do ano passado, ele esteve com Romeu Zema (Novo), de Minas, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul. Em seu Estado natal, o Paraná, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já liberou o governador Ratinho Júnior para abrir seu palanque para Moro. Mas o espaço também deve ser dividido entre Bolsonaro e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "Vai ter muito voto no Moro (no Paraná)", disse Kassab.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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