O juiz federal Sérgio Moro autorizou compartilhamento de provas da Operação Lava Jato com a 8ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, braço do Ministério Público que investiga irregularidades na construção da alça leste Rodoanel. A decisão foi anexada aos autos na quinta-feira, 2.
A Lava Jato identificou que a concessionária SPMar, responsável por administrar os trechos Sul e Leste, e a São Fernando Açúcar, ambas pertencentes ao Grupo Bertin, pagaram R$ 6,2 milhões para a empresa de fachada Legend Engenheiros Associados, utilizada por Assad para lavar dinheiro, segundo a Procuradoria da República.
“Diante dos indícios de pagamentos indevidos a empresa de fachada Legend Engenheiros Associados, controlada por Adir Assad, o compartilhamento dos elementos probatórios colhidos na investigação criminal deve ser deferido já que atende ele ao interesse público, não havendo princípio da especialidade que vede o compartilhamento de provas nessas circunstâncias”, anotou Moro.
“Defiro o requerido e autorizo o compartilhamento dos elementos probatórios com a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, para fins de investigação e processamento de atos de improbidade administrativa, responsabilização cível.”
O pedido de compartilhamento de provas havia sido feito pelo promotor de Justiça Marcelo Milani, que integra os quadros da Promotoria do Patrimônio Público da Capital, para ter acesso a dados do lobista que recebeu recursos de concessionária responsável pelo trecho Leste do Rodoanel.
Prevista inicialmente para ser concluída em 2014 e ter 4,3 km de extensão, a alça leste do Rodoanel teve seu último trecho inaugurado em 2015, totalizando 5,5 kms (entre a as rodovias Dutra e a Ayrton Senna).
Adir Assad é conhecido pela promoção de shows e eventos no Brasil. Ele foi responsável por trazer a banda U2 e as cantoras Amy Winehouse e Beyonce para exibições no País.
Com uma vasta rede de empresas de fachada e laranjas, porém, o empresário acabou ganhando destaque nas páginas policiais e foi preso pela primeira vez em março de 2015 por ordem do juiz Sérgio Moro sob suspeita de utilizar suas firmas para supostamente lavar dinheiro da propina no esquema de corrupção na Petrobras.
A defesa de Adir Assad não retornou ao contato da reportagem. O advogado Roberto Podval, que defende o Grupo Bertin, informou que não se manifestará.