Estadão

Morre a atriz que fez o brasileiro rir diante da TV

Claudia Jimenez, atriz com vasta trajetória no teatro, cinema e televisão, e que ficou conhecida pelos papéis de Dona Cacilda, na <i>Escolinha do Professor Raimundo</i>, e de Edileuza, no <i>Sai de Baixo</i>, morreu ontem, 20, aos 63 anos. A atriz, que teve câncer há mais de 30 anos na região torácica e depois desenvolveu problemas cardíacos, estava internada no Rio e, segundo a Globo, morreu por insuficiência cardíaca.

Nascida em 18 de novembro de 1958, Claudia Jimenez foi revelada pelo teatro no fim dos anos 1970, quando participou de <i>A Ópera do Malandro</i>. Ela foi parar na TV no início da década de 1980, levada pelo diretor Mauricio Sherman para participar do programa <i>Viva o Gordo</i>, com Jô Soares. Foi no mesmo período em que se destacou no cinema, como a Olga do <i>Gabriela</i> (1983), de Bruno Barreto, e em <i>Urubus e Papagaios</i> (1985), de José Joffily. Nas telonas, viria a ser premiada com o Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília de 1991 por <i>O Corpo</i>, em empate com sua colega de cena Marieta Severo.

<b>HUMOR.</b> Mas foi na TV que ela imortalizou seu humor debochado, com tiradas sobre o desejo, as acomodações da vida cotidiana e as rotinas da classe média que disparava em programas que fizeram história nos anos 1990. Como Dona Cacilda, na <i>Escolinha do Professor Raimundo</i>, fez do nome de seu personagem um bordão espichando a letra l de um jeito jocoso e erotizado, fazendo o povo brasileiro rir, de segunda a sexta, com seu "Cacilllllllda!".

A partir de 1996, ao assumir o papel de Edileuza, no humorístico <i>Sai de Baixo</i>, celebrizou uma crônica de costumes da decadência de uma família do Arouche, sob a ótica de uma doméstica. Alcançou, na primeira temporada do programa, uma alquimia singular com Tom Cavalcante, no papel do faz-tudo Ribamar. Os dois representavam o ideal do casal de baixa renda que se vira apesar de todas as vicissitudes financeiras e dos conflitos com patrões de verve aristocrática, como o Caco Antibes de Miguel Falabella. Edileuza caiu no gosto do público, mas a atriz deixou o programa em 1997.

<b>NOVELA.</b> Claudia também teve espaço nobre nas novelas da Globo. Foi a Bina de <i>Torre de Babel</i> (1998); a Dagmar de <i>As Filhas da Mãe</i> (2001); a Consuelo de <i>América</i> (2005); a Custódia de <i>Sete Pecados</i> (2007), considerado por muitos o trabalho mais inspirado da atriz no audiovisual; a Violante de <i>Negócio da China</i> (2008); a Mãe Iara de <i>Aquele Beijo</i> (2011); a Zélia de <i>Além do Horizonte</i> (2013); e a Lucrécia de <i>Haja Coração</i> (2016).

Em sua parceria com Falabella – que fez dela a estrela do fenômeno popular teatral <i>Como Encher um Biquíni Selvagem</i> -, ela ainda participou de séries como <i>A Vida Alheia</i> (2010) e <i>Sexo e as Negas</i> (2014).

Com seu carisma singular, Claudia empregou seu ferramental cênico em prol da dublagem, ao ser escalada para emprestar a voz à mamute Ellie da franquia <i>A Era do Gelo</i>, formando par com o personagem dublado por Diogo Vilella.

Em sua passagem por narrativas de perfil pop, Claudia fez ainda <i>Os Trapalhões no Auto da Compadecida</i> (1987), sob a direção de Roberto Farias, que destacava a habilidade que a atriz tinha em amplificar o tom irônico das falas de Ariano Suassuna.

No fim dos anos 2000, em meio a seus compromissos televisivos, a atriz voltou aos palcos e arrebatou a crítica com um desempenho memorável em <i>No Natal a Gente Vem te Buscar</i>, de Naum Alves de Souza, que montou em 2008 para comemorar seus 30 anos de carreira. Era ovacionada ao fim de cada apresentação, por seu retrato contundente da solidão, que contrastava com as personagens que talhou com sua verve cômica.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?