Um dos nomes mais importantes do tradicional Bexiga, o comerciante Walter Taverna morreu às 20h30 do último domingo, 29, aos 88 anos, em decorrência de uma pneumonia e de complicações do Parkinson. Ele estava internado no Hospital Sancta Maggiore da Avenida Paulista.
"Ele deixa um legado sobre a preservação da nossa história, do valor da nossa proteção histórica e da resistência. Foi um homem de grandes eventos e que sempre contou da união, de proporcionar felicidade e respeito à população", comentou a neta Thaís Taverna, cineasta de 39 anos, ao <b>Estadão</b>.
Às 9h desta segunda-feira, o velório de Walter Taverna mostrou um pouco dessa união que ele proporcionava em vida, ao reunir políticos de diferentes partidos e ideologias, artistas, funcionários, moradores do Bexiga, líderes comunitários e religiosos no Teatro Sérgio Cardoso. O enterro começou às 14h, no Cemitério do Araçá, no Pacaembu. "Foi o Bexiga inteiro", disse Thaís.
Walter era um dos grandes defensores do Bexiga e um dos responsáveis pelo tombamento da Bela Vista como Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo. Como o Estadão publicou em 2011, sua história se confundia com a do bairro.
Neto de sicilianos, ele fundou a Sociedade de Defesa das Tradições e Progresso da Bela Vista, a Festa da Nossa Senhora de Achiropita e assumiu os preparativos do tradicional bolo de aniversário da capital, com um metro para cada ano celebrado.
Dentre os seus feitos na cozinha, Walter entrou três vezes para o Guiness Book, o livro de recordes mundiais: quando fez um bolo de aniversário de 1,5 quilômetro para São Paulo, uma pizza de 554 metros de comprimento e um sanduíche de 600 metros. Dono da Cantina Conchetta, ele também era conhecido pelo ritual de fazer música com as tampas das panelas, batendo uma na outra e entretendo os clientes.