Maestro, pesquisador, escritor e uma das mais controversas figuras da cena musical das últimas décadas, morreu na sexta, dia 13, aos 92 anos, o norte-americano Robert Craft. Bastante associado à figura do compositor Igor Stravinski, de quem foi assistente durante mais de duas décadas, Craft também foi responsável pela gravação de obras de autores como Webern, Schoenberg e Varèse, ajudando, nas palavras do compositor David Schiff, a moldar “o gosto musical da segunda metade do século 20”.
Craft nasceu em Kingston, em Nova York, em 20 de outubro de 1923. Estudou trompete na infância e mais tarde foi aluno da Julliard School of Music, onde se formou após um breve período em que foi convocado pelo exército americano, durante a 2.ª Guerra. Após o fim do conflito, criou a Chamber Art Society e, em 1947, conheceu Stravinski, a quem convidou para uma apresentação de sua Sinfonia para Instrumentos de Sopro.
O encontro marcaria definitivamente sua trajetória e, nos próximos 25 anos, ele trabalharia próximo do compositor, até a sua morte, em 1971.
A relação com Stravinski está documentada em uma série de livros escritos por Craft – entre eles, Conversas com Stravinski e Crônica de Uma Amizade, editados no Brasil pela Perspectiva e pela Difel, respectivamente. São textos fundamentais para se compreender o legado do músico russo. Mas, ao mesmo tempo, renderam a Craft críticas e a acusação de que, de certa forma, ele sequestrou a figura do compositor, criando dele um retrato que mais tem a ver com as próprias ideias e concepções.
Seja como for, como maestro ou ensaísta, Craft é uma referência incontornável da música contemporânea. “Ele foi uma das mais marcantes figuras da música internacional. Com sua morte, se desvanece uma memória viva do que foi a criação musical do século 20. Sua prodigiosa inteligência e erudição marcaram muito uma era da nossa contemporaneidade musical. Resta agora um vazio”, disse neste domingo ao jornal O Estado de S. Paulo a compositora brasileira Jocy de Oliveira, que trabalhou com Craft e Stravinski e os acompanhou na viagem que ambos fizeram ao Rio no início dos anos 1960. A estada na cidade, além dos concertos no Teatro Municipal, lembra Jocy, incluiu ainda uma visita a um terreiro de umbanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.