Claude Bolling, o compositor e pianista de formação jazzística que ficou conhecido por uma histórica parceria com o flautista Jean-Pierre Rampal, o disco <i>Suite for Flute and Jazz Piano</i> (1975), morreu na última quinta-feira em Garches, França, aos 90 anos. A causa da morte não foi revelada por seu agente. Bolling, que também compôs para o cinema – filmes como Borsalino e Louisiane -, foi um músico sem preconceitos, admirador tanto dos jazzistas americanos (Duke Ellington em particular) como dos compositores eruditos europeus. Isso fez com que seu trânsito entre intérpretes populares crescesse – ele fez arranjos tanto para a cantora Juliette Gréco como Brigitte Bardot, que chegou a gravar no auge da fama como atriz.
Além de <i>Suite for Flute and Jazz Piano</i>, que chegou a vender mais de 1 milhão de cópias – na história do jazz, poucos chegaram a esse número, como ele e o pianista Keith Jarrett (com Köln Concert) -, Claude Bolling foi reconhecido nos EUA, terra do jazz, onde chegou a gravar, compor para o cinema e ganhar três indicações para o Grammy, uma delas para melhor disco de câmara, o citado CD com Rampal, que teve uma sequência <i>Suite 2 for Flute and Jazz Piano Trio</i> (1987).
Seguindo o mesmo formato, ele deixou registrada com o violoncelista Yo-Yo Ma a <i>Suite for Cello and Jazz Piano Trio</i> (1984). Nesse mesmo ano, Bolling foi convidado a se apresentar com o flautista Hubert Laws no Tonight Show de Johnny Carson e acabaram gravando juntos.
Nascido em Cannes em 1930, Claude Bolling estudou no conservatório de Nice e depois em Paris. Criança prodígio, aos 14 anos já tocava profissionalmente ao lado de grandes nomes do jazz como Lionel Hampton e Kenny Clarke, tornando-se, nos anos 1960, amigo pessoal do pianista canadense Oscar Peterson (1925-2007).
No cinema, foi a trilha composta para o filme Borsalino (1970), de Jacques Deray, que motivou as primeiras propostas de Hollywood. Lá, entre outros filmes, Bolling fez a música de Catch Me A Spy (Como Agarrar um Espião), um ano depois, em 1971 – o filme dirigido por Dick Clement tinha Kirk Douglas no papel principal. Impressionado com o disco que fez com Rampal, o diretor Herbert Ross o convidou para compor a trilha de California Suíte (1978), comédia baseada numa peça de Neil Simon com Jane Fonda num dos papéis. E fez ainda parte da trilha de Reds, composta por Stephen Sondheim, escrevendo o arranjo de um dos temas do filme, Goodbye for Now. Toda essa contribuição para o cinema americano está registrada no CD duplo American Movies, lançado em 2008 por Fremeaux & Associes.