Morreu nesta quarta-feira, 9, aos 82 anos, o diretor de teatro, ator e apresentador de televisão Aderbal Freire-Filho. A morte foi confirmada por familiares. Freire-Filho enfrentava, desde 2020, sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
O diretor, que tinha um relacionamento com a atriz Marieta Severo, era conhecido por suas montagens ousadas. Sua estreia como diretor aconteceu em 1972, na peça <i>O Cordão Umbilical</i>, de Mário Prata. No entanto, seu primeiro grande sucesso veio um ano depois, quando dirigiu o monólogo <i>Apareceu a Margarida</i>, de Roberto Athayde, estrelado por Marília Pêra.
Em 2013, recebeu o Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Diretor pela montagem <i>Incêndios</i>, peça do escritor, ator e diretor libanês-canadense Wajdi Mouawad. O espetáculo tinha Marieta Severo como protagonista.
Nascido em Fortaleza, Freire-Filho começou a carreira atuando em grupos amadores, ainda aos 13 anos. Chegou a se formar em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1970, onde, no mesmo ano, fez seu primeiro trabalho como ator, no elenco de <i>Diário de um louco</i>", de Nikolai Gogol. A peça era encenada dentro de um ônibus que percorria as ruas da capital fluminense.
Sua inventividade pôde ser notada nos primeiros anos em que dirigiu. Em 1973, o diretor foi responsável pela criação do Grêmio Dramático Brasileiro. O grupo montou ao mesmo tempo, com mesmo elenco e cenário, peças como <i>Um visitante do alto</i>, <i>Manual de sobrevivência na selva</i>, de Roberto Athayde, <i>Pequeno dicionário da língua feminina</i> e <i>Réveillon</i>, de Flávio Márcio.
Seu pensamento acerca do teatro o fez ser um defensor da união entre o teatro brasileiro com os de países da América do Sul. O diretor passou anos encenando peças no Uruguai, Argentina e Colômbia. Chegou, inclusive a ganhar Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro em 1985, no Uruguai, com o espetáculo <i>Mão na luva</i>, de Oduvaldo Vianna Filho.
O diretor também foi responsável pela criação do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo e membro do Conselho Diretor do Festival Ibero-americano de Teatro, de Cádiz, na Espanha.
Freire-Filho também teve experiência acadêmica, foi professor na Casa das Artes de Laranjeiras, na Escola de Teatro Martins Pena e na Faculdade de Letras da UFRJ. Na mesma instituição, coordenou um curso de pós-graduação lato sensu na Escola de Comunicação da UFRJ.